Título: Dilma e ministros avaliam a situação
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 24/06/2012, Mundo, p. 22

A crise institucional no Paraguai, com o impeachment do presidente Fernando Lugo, foi tema de uma reunião extraordinária, na noite de ontem, no Palácio da Alvorada. A presidente Dilma Rousseff recebeu por cerca de uma hora e meia o chanceler Antonio Patriota, que retornou de Assunção após acompanhado o processo político no Congresso paraguaio, o ministro da Defesa, Celso Amorim, o titular de Minas e Energia, Edson Lobão, e o diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek. Os quatro deixaram a residência oficial sem fazer declarações, reforçando o contraste entre a posição cautelosa adotada pelo governo brasileiro e a reação dura de outros vizinhos sul-americanos, em especial a Argentina.

A composição do encontro ilustra o alcance das preocupações do Brasil na relação "especialmente estratégica" com o Paraguai, como foi definida por uma fonte que acompanha de perto o desenrolar do impasse. Como havia afirmado Patriota ainda no Rio de Janeiro, pela manhã, o Itamaraty e o Planalto optaram inicialmente por não pronunciar-se individualmente, como país, e privilegiar um posicionamento coletivo da Unasul e do Mercosul.

À parte a preocupação com Itaipu, motivo de um complicado entendimento com o Paraguai no início do mandato de Lugo, o governo olha com especial atenção a situação dos agricultores brasileiros radicados no Paraguai. O conflito que resultou na destituição do presidente paraguaio está relacionado a uma disputa fundiária mais ampla que envolve os brasiguaios, e alguns deles tiveram propriedades invadidas por sem-terra do Paraguai nos últimos meses.