O Estado de São Paulo, n. 45697, 28/11/2018. Política, p. A6

 

Eduardo diz que embaixada vai para Jerusalém

 

 

 

Beatriz Bulla

28/11/2018

 

 

 

Nos EUA, filho de Bolsonaro afirma que mudança de representação diplomática do Brasil em Israel é questão de ‘quando será’

Bordão. Eduardo Bolsonaro colocou boné com inscrição pró-Trump que ganhou de apoiadores

Com um boné bordado “Trump 2020”, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse ontem, em Washington, que o governo brasileiro vai mudar a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. A jornalistas, afirmou que o governo só estuda “como fazer” e quando. Questionado se a decisão é uma medida já definida pelo futuro governo, disse: “Acredito que sim. A questão não é perguntar se vai, a questão é perguntar quando será”.

O assunto foi tema da conversa com Jared Kushner, conselheiro sênior da Casa Branca e genro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Eduardo Bolsonaro afirmou que Kushner está “bem engajado nas questões do Oriente Médio” e que eles falaram sobre a intenção do Brasil de alterar a localização da embaixada em Israel. Há cerca de um mês, Jair Bolsonaro afirmou que a mudança da embaixada em TelAviv para Jerusalém não estava decidida. A declaração foi feita depois do cancelamento de uma agenda diplomática com o Brasil pelo Egito, numa possível primeira reação do mundo árabe às manifestações pró-Israel.

Ao ser questionado sobre as cobranças do agronegócio, que teme perder espaço na exportação para países árabes, o deputado afirmou que “todo mundo conhece Jair Bolsonaro” e “ele falou bastante isso na campanha” – em referência à mudança da embaixada. “Se isso pode interferir alguma coisa no comércio, temos que ter alguma maneira de tentar suprir caso venha a ocorrer esse tipo de retaliação”, disse. “E eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga um apoio desses países árabes.”

O deputado disse ainda não ver “crise nenhuma” no episódio. “Quem não foi para o Egito foi só o chanceler Aloysio Nunes. Todo o corpo empresarial que estava previsto para ir para o Egito foi, inclusive a pedido das autoridades egípcias”, afirmou ele, que também participou de almoço com empresários organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

Ao deixar o evento, o deputado tinha nas mãos um boné de “campanha” para a reeleição de Donald Trump, em 2020, com o bordão: “Make America Great Again”. “Bonito? Ganhei dos apoiadores que estão aqui”, disse ele, colocando o boné para fotos.