O globo, n. 31102, 02/10/2018. País, p. 9
Silvia Amorim
02/10/2018
Assessoria do senador, que concorre à Câmara dos Deputados, diz que folheto é uma exceção distribuída a aliados
Ex-presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) tem distribuído material de campanha sem o número do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. No mesmo dia em que o presidenciável fazia campanha em Belo Horizonte na semana passada, “colinhas” de Aécio foram entregues apenas com o número do senador (que concorre a uma vaga de deputado federal) e de seu candidato a governador, Antonio Anastasia. O espaço reservado para Alckmin foi deixado em branco.
Aécio é das lideranças do PSDB mais encrencadas na Lava-Jato. Em maio de 2017 ele foi flagrado numa gravação pedindo R$ 2 milhões ao empresário da JBS, Joesley Batista. Desde então, o senador foi submetido a um isolamento no próprio partido, cuja presidência deixou em outubro, e tem sido escondido das campanhas.
O material de Aécio sem Alckmin foi criticado por aliados do presidenciável. Alguns lembraram que o senador recebeu R$ 2 milhões do fundo eleitoral do PSDB para fazer campanha. Integrantes do time presidencial também apontam a decepção do eleitor com Aécio por parte do fracasso do PSDB na disputa deste ano.
Sob o risco de não se reeleger como senador, Aécio decidiu se candidatar para a Câmara dos Deputados. Dirigentes do PSDB em Minas Gerais acham que ele não só se elege como deve ajudar a impulsionar a votação do partido para o legislativo.
Aécio tem feito campanha de forma solitária. Até hoje não participou de atividades com Alckmin ou Anastasia, apesar de Minas Gerais ter sido dos estados mais visitados pelo presidenciável.
A assessoria do senador esclareceu ontem que o material de campanha é uma “exceção” na campanha de Aécio e encaminhou alguns “santinhos” do candidato que mencionam Alckmin.
“Todo o material de campanha do senador traz o nome de Anastasia e Geraldo Alckmin. As únicas exceções referem-se a material solicitado por apoiadores de partidos que não fazem parte da coligação nacional do PSDB e não representam sequer 5% do total produzido”, informou a nota.
Infidelidade trocada
Se dentro da própria coligação sobram traições de aliados, Alckmin está buscando tirar algum proveito na reta final da campanha da infidelidade a outros presidenciáveis. Nesta segunda-feira, dois governadores do MDB — Paulo Hartung e Eduardo Pinho Moreira — declararam voto nele. O MDB tem candidato a presidente, o ex-ministro Henrique Meirelles.