O globo, n. 31101, 01/10/2018. País, p. 7

 

Bolsonaro diz que, em caso de derrota, não há 'nada para fazer'

Thiago Prado

01/10/2018

 

 

Questionado pelo Globo sobre não aceitar resultado das urnas, candidato disse que não cumprimentaria Haddad

No primeiro dia em casa após ter alta, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) explicou ontem o que quis dizer com a frase “não aceito o resultado das urnas diferente da minha eleição”. A declaração foi dada ao apresentador José Luiz Datena, na última sexta, pela Band.

Na ocasião, Bolsonaro levantou a possibilidade de fraude no uso das urnas eletrônicas no Brasil sem apresentar evidências. No sábado, à TV Globo, voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral.

Questionado pelo Globo, por telefone, sobre o que na prática poderia fazer em caso de uma derrota na votação, Bolsonaro disse:

— Sei que não tenho nada para fazer. O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumprimentálo por uma vitória.

O deputado disse que quer ir ao debate da TV Globo na próxima quinta-feira. Afirmou que já teve uma resposta negativa dos médicos, mas que insistirá novamente na véspera do encontro.

— O problema é que o debate demora três horas. Outra complicação é que teria que ficar em pé muito tempo.

Um dia depois do protesto de milhares de mulheres pelo Brasil, Bolsonaro procurou minimizar o movimento. Disse que agora pretende impulsionar um protesto de seus apoiadores para se contrapor às manifestações.

— Só vi um certo vulto no Rio e em São Paulo. No resto do Brasil foi um desastre. São apenas minorias contra mim, não existe isso de rejeição de eleitorado feminino — disse Bolsonaro. Pesquisas mostram, porém, uma maior taxa de rejeição da sua candidatura entre as mulheres.

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São Paulo e 8 estados têm atos pró-candidato do PSL

Dimitrius Dantas

01/10/2018

 

 

Atos a favor do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) levaram milhares de pessoas às ruas em São Paulo e em pelo menos outras 20 cidades na manhã e na tarde de ontem. Na capital paulista, apoiadores se concentraram no Museu de Artes de São Paulo (MASP) e os organizadores espalharam carros de som ao longo da Avenida Paulista.

Em discurso no alto de um caminhão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do candidato, fez críticas ao PT e disse que o pai, se eleito, revogará a Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Ele também fez referências aos protestos contra Bolsonaro, sob o mote“Elenão”,queocorreram no sábado em mais de cem cidades nos 26 estados e no Distrito Federal e levaram milhares às ruas, inclusive na própria Avenida Paulista.

— As mulheres de direita são mais bonitas que as de esquerda. As mulheres de direita não protestam com peito para fora, não defecam para protestar —disse o deputado, que se referiu ainda à teoria de fraude nas urnas eletrônicas, ventilada pelo presidenciável. — Vamos ganhar no primeiro turno. Com a diferença que nós temos, não haverá possibilidade de fraude.

A Polícia Militar de São Paulo não divulgou estimativa de público. O ato chegou a ocupar as duas faixas da Paulista, mas uma forte chuva no fim da tarde dispersou parte dos apoiadores. Organizadores pediram, no alto dos carros de som, que eleitores de Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) fizessem voto útil em Bolsonaro contra o candidato do PT, Fernando Haddad. Um boneco inflável do general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, foi erguido por apoiadores.

Em Brasília, eleitores de Bolsonaro se concentraram no gramado próximo ao Congresso Nacional e fizeram uma carreata que percorreu as ruas da capital federal ao longo do dia. De acordo com a PM, o ato reunia cerca de 15 mil veículos no início da tarde.

Além de São Paulo e do Distrito Federal, houve atos pró-Bolsonaro em Minas Gerais, Alagoas, Amazonas, Pará, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Em Niterói, cerca de três mil pessoas se reuniram na praia de Icaraí pela manhã, segundo estimativa da PM. Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável e candidato ao Senado, participou do ato.