O Estado de São Paulo, n. 45691, 22/11/2018. Política, p. A8

 

Bebianno vai comandar secretaria da Presidência

Tânia Monteiro e Julia Lindner

22/11/2018

 

 

Bolsonaro estuda dar status de ministério à Secom e fala em nomear filho para o cargo

O ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), confirmou ontem a indicação do advogado Gustavo Bebianno como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Bebianno, quando ainda era presidente em exercício do PSL, foi um dos principais articuladores da campanha de Jair Bolsonaro. O anúncio foi feito por Onyx depois da primeira reunião de coordenação entre Bolsonaro e seus futuros ministros – até anteontem, eram 11 nomes do primeiro escalão.

Ainda ontem, por meio de rede social, Bolsonaro anunciou André Luiz de Almeida para a Advocacia-Geral da União (AGU), mas não deixou claro se a pasta continuará com status de ministério.

O formato que a Secretaria-Geral terá no governo Bolsonaro também não ficou definido. Atualmente, ela funciona como uma espécie de “prefeitura” do Palácio do Planalto e tem sob seu comando a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) e a do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Estes dois órgãos, no entanto, devem deixar a Secretaria-Geral.

Em entrevista ao site Antagonista, Bolsonaro declarou que estuda nomear o seu filho Carlos, vereador no Rio e responsável pelo sucesso das mídias sociais em sua campanha à Presidência, como ministro-chefe da Secom. Hoje, o chefe da área não tem status de ministro. Com esse desenho traçado pelo presidente eleito, Carlos ficaria também responsável por administrar a verba publicitária oficial, onde promoveria cortes .

Na entrevista ao site, Bolsonaro disse que Carlos “está estudando os prós e contra” da ideia de ser ministro e que sabe que “isso pode ter um tremendo desgaste”, por colocar o próprio filho no governo. “Mas ele é a fera das mídias e tem sangue na boca. Tem tudo para dar certo.” O presidente eleito acrescentou que “não se trata de prêmio de consolação e que lá (na Secom), ele vai mostrar seu valor”.

O anúncio de Bolsonaro surpreendeu Onyx e Bebianno, que, mais cedo, pediu ao grupo de estudo da área de comunicação social que lhe repassasse as propostas idealizadas. Nela, existiriam dois núcleos – um da Secom, sem status de ministério e com foco nas mídias sociais, e outro com um porta- voz do presidente.

Na entrevista que concedeu pela manhã, Bebianno declarou que não há definição sobre qual será o destino da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Bolsonaro tem dito que pretende extingui-la. No entanto, já foi informado da necessidade de o governo manter uma estrutura de televisão para divulgação de seus atos, assim como de outros setores como os das rádios que atuam na Amazônia.

 

'Fera'

“Ele (Coifas) é a fora das mídias (sociais) e tem sangue na boca. Tem tudo para dar certo.”

Jair Bolsonaro​, PRESIDENTE ELEITO ENTREVISTA AO SITE 'ANTAGONISTA'

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

Oficiais mais antigos vão chefiar Marinha, Exército e Aeronáutica

22/11/2018

 

 

Anúncio foi feito pelo futuro ministro da Defesa; colega de turma de Jair Bolsonaro vai comandar Exército

O futuro ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, anunciou ontem os comandantes das Forças Armadas no governo Jair Bolsonaro. Os escolhidos serão no dia da posse os oficiais generais mais antigos de cada Força. A Marinha será comandada pelo almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior. O comandante do Exército será Edson Leal Pujol e a Força Aérea, pelo brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez. As indicações foram antecipadas pelo Estadão/Broadcast.

“Os nomes preenchem todos os requisitos, todos têm um currículo de excelente serviços prestados à nossa Marinha, ao Exército e à nossa Força Aérea. Conto com eles e tenho certeza de que o futuro presidente das nossas Forças Armadas conta com eles”, disse o novo ministro.

Pujol é da mesma turma de aspirantes-a-oficial do presidente eleito, a de 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras. É oriundo da Arma da Cavalaria – Bolsonaro era da Artilharia.

Sobre mudanças na Defesa, o futuro ministro avaliou que a pasta é a que menos sofre alterações. “Dentro da nova estrutura do novo governo, é o que menos muda, ou quase muda nada. É baseado nas Forças Armadas, na Marinha, no Exército e na Força Aérea, instituições sólidas e muito organizadas.”

Ele disse que a atuação das Forças Armadas na Segurança Pública pode existir, mas entende que só é apropriada em caso de emergência. “Esporadicamente e eventual, como uma urgência”, disse, afirmando não poder julgar se hoje a presença é excessiva ou não. No caso da intervenção no Rio, que tem vigência até 31 de dezembro, o ministro comentou que não há previsão de prorrogação nem pedido até agora. O governador eleito do Rio, Wilson Witzel, cogita pedir a prorrogação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

“O que ele pode solicitar mas não solicitou é a prorrogação da GLO ou não.” Se for solicitado, segundo ele, isso deverá passar por estudos. Sobre a presença nas fronteiras e o combate ao narcotráfico nas fronteiras, disse que as Forças Armadas têm feito a sua parte.