O globo, n. 31107, 07/10/2018. País, p. 9

 

Paes lidera, e adversário no 2º turno é incerto

Bernado Mello

07/10/2018

 

 

Institutos de pesquisa apontam tendências distintas na disputa pela segunda vaga: enquanto Ibope aponta Romário isolado na vice-liderança, Datafolha mostra Witzel empatado com o ex-jogador nos votos válidos

As últimas pesquisas de intenções de voto para governador do Rio, divulgadas ontem à noite, apontam uma indefinição quanto ao adversário de Eduardo Paes (DEM) no segundo turno. Paes segue consolidado na liderança segundo os levantamentos do Ibope e do Datafolha, que indicam, no entanto, tendências distintas na briga pela segunda vaga. O Ibope mostra Romário (Podemos) isolado na vice-liderança. No Datafolha, o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que disputa sua primeira eleição, deu um salto na reta final e aparece numericamente empatado com Romário nos votos válidos.

Witzel, que começou a eleição com apenas 1% de intenção de voto, de acordo com o Ibope, chegou ao último dia de campanha empatado com Indio da Costa (PSD) na terceira colocação, segundo o mesmo instituto.

Segundo o Datafolha, o avanço do ex-juiz foi ainda maior. Entre os dois últimos levantamentos do instituto, divulgados na quinta-feira e ontem, Witzel avançou cinco pontos nas intenções de voto totais — que também consideram brancos, nulos e eleitores que não souberam ou não responderam. No mesmo cenário, Romário e Paes oscilaram um ponto para baixo, ambos dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais.

Associção a Bolsonaro

Na véspera do primeiro turno, Witzel participou de carreata em Mesquita, na Baixada Fluminense, ao lado de Flávio Bolsonaro (PSL), candidato ao Senado, repetindo uma dobradinha que foi constante no seu período de ascensão. O candidato do PSC usou seu passado nos tribunais para ironizar os adversários.

— As pessoas estão olhando a lista de candidatos ao governo do Rio e se dando conta de que há réus e um ex-juiz —disse Witzel. Romário, que recebeu apoio de Anthony Garotinho (PRP) na noite de sextafeira, não recebeu a transferência de votos esperada, de acordo com Ibope e Datafolha. Os dois institutos apontam oscilações negativas nos percentuais do candidato do Podemos.

No último dia de campanha, após participar de carreatas por São Gonçalo, na Região Metropolitana, e pela Zona Norte do Rio, Romário agradeceu o apoio de Garotinho, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas negou ter assumido qualquer compromisso político com o ex-governador caso vença a disputa.

—Apoio é apoio, independente de quem seja. Eu não concordo com muitas coisas da política dele, sobre o que ele faz, fez, fala e falou, mas duas coisas a gente tem em comum: o combate a essa quadrilha que se instalou no Rio de Janeiro e os projetos sociais para melhorar a vida dos jovens e das pessoas que mais necessitam — disse Romário.

O único cenário de segundo turno simulado pelos institutos de pesquisa, entre Romário e Eduardo Paes, mostra vantagens semelhantes para o candidato do DEM. De acordo com Ibope e Datafolha, Paes ultrapassa a casa dos 40% de votos totais, enquanto Romário fica próximo dos 30%. Segundo o Ibope, o percentual de rejeição de ambos é de 33%. Ontem, antes de partir em carreata que passou pela Zona Oeste do Rio, Paes ironizou o apoio de Garotinho a Romário:

— Ainda bem que não foi para mim.

Ataques ao ex-juiz

Indio da Costa caminhou pela Taquara, na Zona Oeste do Rio, e disse que as alianças de seus adversários levam a uma perda da “liberdade de governar com a sociedade” —numa crítica endereçada especialmente a Romário e também a Paes, apoiado por 12 partidos. Empatado tecnicamente com Witzel e Tarcísio Motta (PSOL), Indio também criticou os dois adversários:

— O PSOL é segmentado. O ex-juiz está com uma posição boa na pesquisa, mas será que ele tem experiência política e administrativa para administrar o estado, para lidar com a Assembleia Legislativa? Tarcísio fechou a campanha no primeiro turno com caminhadas por Tijuca e Méier, na Zona Norte.

O candidato do PSOL criticou tanto Romário, segundo colocado nas pesquisas, quanto Witzel, com quem está empatado tecnicamente nas pesquisas divulgadas ontem.

— Romário representa o mesmo tipo de prática política das pessoas que levaram o estado para o buraco — disse Tarcísio.

O candidato do PSOL associou Witzel a “práticas de ódio e intolerância”:

— Vamos defender a democracia, esperança, diversidade. Witzel representa aquilo que a gente vai enfrentar.

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Vagas para o Senado estão entre três candidatos

07/10/2018

 

 

Flávio Bolsonaro está numericamente à frente; Cesar Maia e Lindbergh empatam na margem de erro, segundo Datafolha

Na corrida pelo Senado, Ibope e Datafolha concordaram, em pesquisas divulgadas ontem, que Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável Jair Bolsonaro, está numericamente na dianteira. Os institutos exibiram, no entanto, tendências distintas para Cesar Maia (DEM) e Lindbergh Farias (PT) na reta final. Para o Ibope, Maia oscilou positivamente, alcançando 20% dos votos válidos e mantendo-se empatado tecnicamente com Flávio Bolsonaro, que tem 21% neste cenário. Lindberg, segundo o instituto, oscilou para baixo e ficou com 14%, sem alcançar nenhuma das duas vagas ao Senado. Já o Datafolha considera que Flávio Bolsonaro tem 23% dos votos válidos, enquanto Maia aparece com 18% e Lindbergh com 15%.

Nos votos totais — que também consideram brancos, nulos e indecisos—, o candidato do DEM oscilou dois pontos para baixo, enquanto Lindbergh oscilou dois para cima. Neste cenário, o empate técnico de Maia passa a ser com Lindbergh. A margem de erro nos levantamentos de Ibope e Datafolha é de dois pontos percentuais.

Arolde também sobe

A pesquisa do Ibope, realizada entre quinta-feira e ontem, aponta ainda uma ascensão de Arolde de Oliveira (PSD), outro candidato ao Senado apoiado por Jair Bolsonaro. Arolde chegou a 8% dos votos válidos, segundo o levantamento, e ultrapassou Chico Alencar (PSOL) e Miro Teixeira (Rede), ambos com 7%. Na primeira pesquisa do instituto, em agosto, o candidato do PSD aparecia com 4% dos votos totais. No levantamento divulgado ontem, Arolde tem 11% nesta categoria, contra 10% de Chico e Miro. Pastor Everaldo (PSC) aparece com 8%.

Os quatro estão tecnicamente empatados, de acordo com a margem de erro. No levantamento do Datafolha, feito entre ontem e anteontem, Chico Alencar continua a figurar em quarto, com 11% dos votos válidos, e Arolde chega a 9%, ultrapassando numericamente apenas Miro Teixeira, com 6%. Pastor Everaldo, neste cenário, soma 5% dos votos válidos.