Título: Maluf apoia Haddad em SP
Autor: de Tarso Lyra, Paulo
Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2012, Política, p. 8

O PT recebeu ontem duas notícias que alteram o equilíbrio de forças na disputa pela prefeitura de São Paulo. O pré-candidato Fernando Haddad recebeu o apoio, de uma vez só, do PSB e do PP, do ex-prefeito Paulo Maluf, o que garantirá ao petista o maior tempo de televisão do horário gratuito, caso feche também com o PCdoB. A parceria com o partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi oficializada ontem, em um evento em São Paulo. A deputada Luiza Erundina, prefeita da capital paulista entre 1988 e 1993 pelo próprio PT, mas que deixou o partido por divergências com o comando partidário, foi confirmada candidata a vice.

Durante o evento, Erundina prometeu ser fiel ao seu parceiro de chapa. "Estou imensamente feliz de estar ao seu lado. Vou procurar ser fiel a esse compromisso. O que você disser eu vou fazer", avisou. A negociação política para a concretização da aliança não foi fácil, pois o PSB paulista, presidido pelo deputado federal Márcio França, é aliado do governador tucano Geraldo Alckmin. Márcio, inclusive, era secretário de Turismo do governador do PSDB, mas acabou entregando o cargo, o que facilitou a aliança do partido com Haddad.

O PT também conseguiu atrair o PP de Paulo Maluf. O ex-prefeito negociava com petistas, tucanos e peemedebistas. Acabou sendo convencido pela promessa de o partido ganhar mais espaço no Ministério das Cidades, comandado por Aguinaldo Ribeiro. O presidente estadual pepista conseguiu a indicação do engenheiro Osvaldo Garcia para a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades. A nomeação saiu ontem no Diário Oficial da União.

Maluf desistiu de apoiar o candidato do PSDB, José Serra, porque não conseguiu indicar um afilhado na Secretaria de Habitação de São Paulo. O pepista queria a vaga imediatamente. Alckmim até concordava em promover mudanças na equipe, mas só depois das eleições de outubro. O governo federal foi mais rápido, deixando tucanos e peemedebistas sem espaço para contraproposta. "Essa luta é desigual. O PT tem o governo federal, o PSDB tem o governo estadual. Nós não temos cargos para oferecer", lamentou um aliado do candidato do PMDB à prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita.

PMDB isolado Para evitar que Chalita fique ao lado apenas de legendas nanicas, como o PSC e o PSL, o PMDB tenta convencer o PCdoB a compor uma aliança. O pacote viria com duas propostas: a vaga de vice de Chalita e apoio ao comunista Inácio Arruda nas eleições de Fortaleza. "Estou tentando convencer o Eunício (senador Eunício Oliveira) a desvincular-se do governador Cid Gomes (PSB) e fechar com o PCdoB em Fortaleza", disse ao Correio o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp.

A situação, contudo, não é tão simples. O ex-presidente Lula está pessoalmente empenhado em atrair o PCdoB para a candidatura de Haddad. Chantageia os comunistas dizendo que eles tiveram um ministério desde o primeiro ano do governo do PT e mantiveram o espaço na Esplanada durante o governo Dilma Rousseff, mesmo após a queda de Orlando Silva, suspeito de fechar convênios fraudulentos com organizações não governamentais. Mas não mostra disposição de apoiar a pré-candidata do PCdoB em Porto Alegre, Manuela D"Ávila. Orlando, inclusive, será um dos candidatos a vereador pelo PCdoB de São Paulo.

"Estou imensamente feliz de estar ao seu lado. Vou procurar ser fiel a esse compromisso. O que você (Haddad) disser eu vou fazer" Luiza Erundina (PSB-SP), deputada federal