O globo, n. 31119, 19/10/2018. País, p. 7

 

Liberado por médico, Bolsonaro não vai a debates

Jussara Soares

Marco Grillo

19/10/2018

 

 

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse ontem que não vai a debates marcados para o segundo turno das eleições. A informação foi reforçada pelo presidente do PSL, Gustavo Bebianno.

— Eu poderia me submeter a uma aventura, mas poderia ter uma consequência péssima para minha saúde. Não posso abusar nesse momento. No tocante a debates, é secundário. Da minha parte, até gostaria porque não teria dificuldade de debater com preposto com um poste do Lula — afirmou Bolsonaro em entrevista à TV Globo.

Mais cedo, o médico Antonio Luiz Macedo havia dito, após avaliação clínica de Bolsonaro, que a participação dependeria do próprio presidenciável . Os próximos encontros marcados seriam neste domingo, na TV Record, e na próxima sexta-feira, na TV Globo.

Bebianno disse que o candidato “não tem nenhuma obrigação” de ir aos encontros.

É a primeira vez que a campanha admite que o capitão da reserva do Exército não irá aos debates. O candidato já havia admitido que poderia não participar por estratégia política, mas não havia sido conclusivo.

Transmissão

À noite, numa transmissão pelas redes sociais, Bolsonaro disse que poderia ter problemas com sua bolsa de colostomia caso fizesse esforço prolongado indo aos debates.

O dirigente da legenda avaliou que a ausência nos programas não influenciará negativamente na campanha. Segundo ele, o contato de Bolsonaro, apesar “do apreço pelo trabalho da grande imprensa”, é “diretamente com o eleitor, como ele vem fazendo ao longo dos últimos quatro anos”.

Para Bebianno, o voto neste segundo turno já está definido, porque os eleitores já sabem “o que significaria ter o PT de volta”. O presidente do PSL acrescentou que o presidenciável tem dado entrevistas diariamente.

Ao ser questionado sobre as duas agendas públicas a que Bolsonaro compareceu na quarta-feira (uma visita à Arquidiocese do Rio e outra à sede da Polícia Federal, também no Rio de Janeiro), Bebianno afirmou que foram encontros rápidos e sem exposição ao estresse.

Opinião do Globo - Bom começo

O anunciado ministro-chefe da Casa Civil em um governo Bolsonaro, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEMRS), propõe que, se o candidato for vitorioso, corte ao assumir 25 mil cargos comissionados no governo federal.

Mas só existem 23 mil. Não importa, porque o que vale na proposta de Onyx é a correta intenção de reduzir a pesada folha de pessoal do Executivo. E há bem mais destes cargos em outros recantos da máquina burocrática, como nas estatais. Especialistas no assunto, como a ONG Contas Abertas, sabem onde estão.

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Proposta de dar imunidade a policial que mata é 'retrocesso', diz OAB

Vinicius Sassine

19/10/2018

 

 

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, criticou o plano de Jair Bolsonaro (PSL) de dar imunidade a PMs que matam em serviço. Segundo Lamachia, o projeto de lei de Bolsonaro — que também é uma proposta de governo do presidenciável, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — é um “retrocesso”, uma “agressão” aos próprios policiais.

—Sou contra isso. A investigação é importante para os dois lados. Para o policial que age de forma incorreta e para aquele policial que cumpre seus deveres —disse.

O Globo mostrou na quarta-feira que Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) são autores de um projeto de lei que prevê imunidade a PMs que matam em serviço, com aplicação imediata da legítima defesa, sem uma investigação a cargo da polícia e do Ministério Público. O projeto já teve urgência aprovada pelo plenário da Câmara, no fim do ano passado. Isso significa que a proposta pode ser levada diretamente a plenário, sendo necessária maioria simples para ser aprovada.

A posição do presidente da OAB se soma a de integrantes da Procuradoria Geral da República (PGR) e da própria equipe de campanha de Bolsonaro. A PGR vai se opor à proposta, caso o candidato seja eleito presidente e leve adiante a ideia.