Título: Cúpula do G-20 vai centrar fogo na UE
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Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2012, Economia, p. 16
Los Cabos (México) — Os países da União Europeia, a começar pela Alemanha, serão postos sob pressão pelos Estados Unidos e países emergentes, seus principais parceiros, na cúpula do G-20, que será realizada na segunda e na terça-feira em Los Cabos, balneário do oeste do México. "Todas as partes estão convencidas de que a Europa é capaz de resolver suas crises de dívidas soberanas", afirmou Liu Weimin, porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores.
Mas por trás dessas declarações tranquilizadoras, autoridades americanas e chinesas estão preocupadas com as consequências da prolongada crise da dívida na Europa no crescimento mundial, cuja desaceleração se confirma. A China se viu forçada a reduzir sua taxa de juros de referência, pela primeira vez desde 2008, para estimular a atividade. No Brasil e na Índia, o crescimento diminuiu o ritmo significativamente no primeiro trimestre do ano. Nos Estados Unidos, que se recuperavam de sua crise financeira e econômica, começam a surgir sinais de fragilidade, o que pesa sobre a campanha de reeleição do presidente Barack Obama.
Desânimo Com isso, os olhares se voltam para a Europa, acusada de alimentar o desânimo ao deixar se agravar a crise, iniciada em 2009 na Grécia e que, em seguida, contagiou Irlanda, Portugal e, mais recentemente, a Espanha, que aceitou uma ajuda para seus bancos de até 100 bilhões de euros sem, no entanto, conseguir acalmar os mercados. O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, conversou na quarta-feira por telefone com o presidente francês, François Hollande, e com Obama para falar sobre a crise europeia.
A Zona do Euro tem "três meses" para convencer seus sócios comerciais, advertiu nesta semana a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a francesa Christine Lagarde. Para cumprir esse objetivo, os líderes europeus deverão aproveitar a reunião do G-20 , antes que seja realizada, no fim do mês, uma esperada cúpula europeia.
Nesse sentido, o México busca evitar que a crise europeia monopolize a agenda. "Nosso objetivo não é o de circunscrever nem reduzir a ordem do dia do G-20 ao tema europeu. Vamos abordá-lo, mas nosso objetivo é ampliá-lo mais", disse na terça-feira o presidente mexicano, Felipe Calderón. A questão do aumento de recursos do FMI, que já está previsto, será um dos temas abordados em Los Cabos, acrescentou.
Os países ricos e emergentes do G-20 se comprometeram no fim de abril, em Washington, a aumentar os recursos financeiros do FMI em mais de US$ 430 bilhões.