O Estado de São Paulo, n. 45684, 15/11/2018. Economia, p. B3

 

Ilan decide não permanecer na presidência do BC

Luciana Dyniewicz

15/11/2018

 

 

Roberto Campos Neto, do Santander, e Carlos Viana de Carvalho, do BC, são os mais cotados para substituí-lo

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, avisou à equipe de Bolsonaro que não ficará no cargo. Ele alegou motivos pessoais. O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, e o diretor do Santander Roberto Campos Neto são os mais cotados para a vaga.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não vai permanecer no comando da autoridade monetária no governo Jair Bolsonaro, segundo o Estado apurou. A interlocutores, Ilan afirmou que não aceitará o convite por motivos pessoais. O presidente do BC já teria avisado o futuro ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, sobre sua decisão.

A equipe de transição avalia agora os nomes do diretor de política econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, e do diretor do Santander, Roberto Campos Neto, para ocupar o cargo.

Campos Neto é o mais cotado no momento. Na terça-feira, ele esteve no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde a equipe de transição está trabalhando.

Um integrante do futuro governo elogiou Roberto Campos Neto, dizendo que ele é um nome muito bom.

Procurada na noite de ontem, a assessoria do Banco Central não se pronunciou. Guedes não havia sido localizado para tratar do assunto.

Transição. Na semana passada, fontes da equipe de transição disseram que sua permanência no BC dependia de “motivação pessoal” e que seu nome não estava descartado. Até então, não havia confirmação sobre um convite formal e direto a Ilan.

Guedes e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, declararam em diversas ocasiões que tinham o desejo de manter o atual presidente do BC no cargo, mas também era de conhecimento público que eles chegaram a trabalhar com cinco opções para substituí-lo.

O que se dizia em Brasília é que a permanência de Ilan no cargo em 2019 dependia da aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, atualmente em tramitação na Câmara. O principal ponto da proposta é a definição de mandatos fixos para os dirigentes do BC a partir de março de 2020.

Ilan voltou na segundafeira de uma viagem à Suíça, cumpriu agenda até ontem no Brasil e agora vai tirar férias até o dia 20 de novembro.

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Sem privatizar Eletrobrás, União terá de cortar R$ 12 bi

Ricardo Leopoldo

15/11/2018

 

 

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que sem a privatização da Eletrobrás, o novo governo precisará cortar R$ 12 bilhões do Orçamento de 2019, dado que tais recursos são considerados na proposta de receitas e despesas feita pela administração Michel Temer para o próximo ano: “A privatização da Eletrobrás é uma questão de diálogo entre o atual governo e a administração eleita. Trata-se de uma decisão política”.

“Para mim, a privatização da Eletrobrás é uma solução ganha-ganha, inclusive porque o governo federal não dispõe de recursos para aplicar no setor.”

Mansueto manifestou muita confiança na expansão do setor de energia no País nos próximos anos, com a possibilidade do avanço de investimentos, e destacou que o tema que trata das negociações sobre a cessão onerosa envolvendo a Petrobrás e o governo federal devem ser concluídas em 2019. Ele fez os comentários no evento do Bradesco BBI para investidores internacionais em Nova York.

O secretário afirmou que se o novo governo aproveitar a proposta da reforma da Previdência da administração Temer, que tramita na Câmara, “poderá economizar cinco meses” para ter a aprovação dessa mudança estrutural pelo Congresso. E ponderou que a apresentação de um novo texto para a Previdência empurraria a aprovação para o segundo semestre. “Se utilizar a proposta que está na Câmara, a reforma pode ser aprovada no primeiro semestre. Isso ocorre porque, com a aprovação da proposta na Câmara, ela vai para o Senado e poder ser modificada amplamente a partir daquele ponto”, destacou.

Importante. “Por outro lado, se o novo governo fizer uma proposta desde o início, a reforma só será aprovada pelo Congresso no segundo semestre de 2019”, apontou o secretário. Ele afirmou que é “muito importante” para o novo governo aprovar a reforma da Previdência no próximo ano. Para ele, o País sofrerá sem as mudanças nas regras previdenciárias, dado que é um dos principais problemas estruturais das contas públicas federais.