Título: Privatizações na Itália
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Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2012, Economia, p. 18

A Itália informou ontem que venderá ativos do Estado, diminuirá os gastos ministeriais, e introduzirá incentivos para melhorias em moradias como parte do chamado "decreto de crescimento", que tem a intenção de conter os efeitos do rigor orçamentário.

Com a taxa de aprovação do primeiro-ministro Mario Monti piorando diante do peso do aperto dos cintos e a Itália no meio de uma grave recessão, o pacote deve marcar um ponto de virada de austeridade rumo ao crescimento e à eficiência. "Crescimento e cortar o tamanho e o peso do Estado são os princípios", disse Monti a repórteres chamando o decreto de 70 páginas de "robusto".

O Ministério da Economia e o gabinete do primeiro-ministro vão reduzir pessoal, o que Monti diz ser a primeira ação em direção a um corte de gastos de 5 bilhões de euros para o ano, que o governo afirma querer aprovar até o final deste mês.

A pasta da Economia venderá três empresas para a holding controlada pelo Estado Cassa Depositi e Presiti (CDP) por cerca de 10 bilhões de euros, com o primeiro pagamento de aproximadamente 6 bilhões de euros sendo esperado para dentro dos próximos 30 dias, segundo comunicado. A receita da operação financeira será usada para reduzir a enorme dívida da Itália e pagar contas gigantescas com empresas. A medida passa a valer imediatamente, mas deve ser aprovada pelo parlamento pelos próximos 60 dias para se tornar lei.

Decreto Monti buscou escorar seu apoio político esta semana entre partidos que o apoiam no parlamento, antes da eleição na Grécia, que ameaça desestabilizar o bloco monetário, e uma série de encontros internacionais cruciais que visarão mapear o futuro da Zona do Euro.

O primeiro-ministro tem sofrido para implementar as reformas que prometeu quando o desacreditado ex-premiê Silvio Berlusconi deixou o gabinete em novembro. Uma reforma no mercado de trabalho, apresentada três meses atrás depois de uma semana de negociações com sindicatos e trabalhadores, ainda está parada no parlamento. Assim como a privatização de empresas públicas, o Estado também visa vender 4,5 bilhões de euros no mercado imobiliário.

Um decreto separado aprovado ontem permitirá que o CDP, 70% pertencente ao Tesouro, crie dois fundos para comprar participações em empresas de serviços locais, como a Acea de Roma, e imóveis detidos por governos locais, segundo comunicado do CDP. O fundo terá a capacidade de comprar "parcelas minoritárias com poderes de governança", acrescentou a nota.