Título: Espanha deve 72,1% do PIB
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Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2012, Economia, p. 20
A dívida pública da Espanha alcançou 72,1% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas) no fim de março, em um novo recorde histórico que a situa oito pontos e meio acima em relação a um ano atrás (63,6%), segundo números publicados ontem pelo Banco da Espanha. O governo espanhol prevê que o nível de sua dívida pública aumente com força durante 2012, e espera que chegue a 79,8% do PIB no fim do ano.
Essa previsão não inclui, no entanto, o empréstimo europeu para sanear seus bancos, que pode alcançar os 100 bilhões de euros e aumentar a dívida em 10 pontos. A dívida pública espanhola chegou ao fim de março a 774,549 bilhões de euros, ou seja, 72,1% do PIB, enquanto representava 68,5% do PIB três meses antes. A dívida do país não deixou de aumentar desde o primeiro trimestre de 2008, quando se situava em 35,8% do PIB, após mais de uma década de queda e num momento em que a Espanha experimentava um forte crescimento econômico com superávit fiscal.
O país caiu em uma nova recessão no primeiro trimestre deste ano, dois anos depois de ter saído da anterior, e o governo conservador de Mariano Rajoy já previa um forte aumento da dívida. Também ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu que a Espanha apresente um plano de reformas claro e coerente. Afirmando que a ajuda de até 100 bilhões de euros é uma oportunidade para o país, o FMI ressalta a necessidade de "acompanhá-lo de um pacote integral de reformas em outras áreas", entre elas um aumento imediato do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).
Riscos
A instituição prevê também que o objetivo espanhol de reduzir o deficit este ano para 5,3% do PIB provavelmente não seja alcançado. "Depois do anúncio do plano de ajuda europeu, a confiança dos mercados continua frágil e as perspectivas são muito difíceis", enfatizou o FMI em documento. Esta semana, a agência de classificação de risco Moody"s reduziu a nota da dívida de longo prazo da Espanha em três níveis, para "Baa3", pouco acima da categoria "especulativa". A Moody"s, que citou as dificuldades da economia espanhola e do Estado para se financiar, completou que esta nota poderá ser revisada para baixo nos próximos três meses. Já as taxas de juros da dívida espanhola a 10 anos alcançaram 6,967%, o patamar mais alto desde o início da crise global dos mercados em 2008.