Título: Ségolène em perigo real
Autor: Traches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 17/06/2012, Mundo, p. 22

As boas chances do Partido Socialista (PS) de conquistar a maioria parlamentar beneficiam alguns dos cardeais da sigla, mas a legenda prende o fôlego pela sorte de Ségolène Royal, que disputou o Eliseu em 2007 e foi derrotada por Nicolas Sarkozy. Cotada agora para tornar-se presidente da Assembleia Nacional, ela corre sério risco de perder em seu distrito, La Rochelle. O dissidente socialista Olivier Falorni desacatou a escolha do partido e candidatou-se como independente contra a ex-mulher do presidente François Hollande. Na semana passada, a disputa ganhou contornos de triângulo político-sentimental depois que a atual mulher de Hollande, a jornalista Valérie Trierweiler, declarou pelo Twitter seu apoio a Falorni.

As últimas pesquisas mostraram que Falorni, um político popular em La Rochelle, pode obter até 58% dos votos, enquanto Ségolène ficaria com 42%. Em entrevista ao Correio, a cientista política Sue Collard, especialista em política francesa da Universidade de Sussex (Londres), afirmou que a novela envolvendo o primeiro casal foi o assunto da semana em Paris, de onde ela acaba de retornar. "Foi o principal tema dos últimos dias na França", afirmou Collard, lembrando que a ex de Hollande é a principal aposta do PS para presidir a assembleia. "São notícias terríveis para ela e para o partido."

Para complicar ainda mais a situação, o tuíte da primeira-dama em apoio a Falorni rendeu ao presidente sua primeira crise política, antes de despertar críticas e piadas — em especial na direita, mas também entre os esquerdistas. "Hollande deve estar furioso com ela (Valérie), por fazê-lo passar por algo assim bem no início do mandato", opinou Collard.

Na sexta-feira, Ségolène disse estar "devastada" com a atitude da primeira-dama. "Não quis responder voluntariamente porque o golpe foi violento demais. Isso não significa que não estou machucada. Não sou um robô", desabafou a candidata. As queixas não se limitaram à atual senhora Hollande. Em entrevista à imprensa, ela afirmou que "algumas pessoas" nunca a perdoaram "por ser uma mulher que disputou a Presidência". Para Collard, Ségolène sente-se assim porque ainda há muito machismo na política francesa, "mesmo dentro do PS". Na avaliação da cientista política, muitos socialistas resistem à ideia de ver uma mulher ocupando o terceiro posto mais importante no país, atrás apenas dos de presidente e primeiro-ministro. (RT)

Herdeira em alta Neta do líder de extrema direita francês Jean Marie Le Pen e sobrinha de Marine Le Pen, Marion Marechal-Le Pen é uma das principais apostas da Frente Nacional (FN) para conquistar uma vaga nas legislativas de hoje. A jovem de 22 anos é a mais bem colocada nas pesquisas na região de Vaucluse. O cacique da direita radical tem ajudado a neta na disputa. "Ela é de boa raça", disse, ao descrevê-la. Se eleita, Marion será a mais jovem deputada do parlamento francês. Estudante de direito, a moça compartilha com a tia posturas isolacionistas, antieuropeias e radicais. Uma de suas promessas é a de reduzir, sem especificar como, em 95% o número de imigrantes residentes na França em cinco anos.