O globo, n. 31161, 30/11/2018. País, p. 7

 

Concessionária aponta caixa 2 a Alckmin e Serra

Dminitrius Dantas

30/11/2018

 

 

CCR fecha acordo de leniência com o Ministério Público de São Paulo e afirma que pagou R$ 30 milhões em doações ilegais para campanhas eleitorais no estado; companhia vai arcar com multa de R$ 81 milhões

A concessionária CCR, que fechou um acordo de leniência com o Ministério Público, revelou o pagamento de R$ 30 milhões em doações ilegais para campanhas em São Paulo. Entre os favorecidos citados pela empresa estão os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB, que negam as irregularidades. A concessionária CCR fechou um acordo de leniência com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e admitiu o pagamento de R$ 30 milhões em caixa dois para campanhas eleitorais no estado. Entre os beneficiados, segundo a empresa, estão os ex-governadores Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do PSDB, além de deputados estaduais. De acordo com o “Jornal Nacional”, da TV Globo, o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) e a senadora Marta Suplicy (MDBSP) também receberam recursos de maneira ilícita — Marta teria recebido os valores quando era do PT.

A CCR, por ser uma concessionária, era proibida de fazer doações eleitorais, ainda que fossem registradas nas prestações de contas entregues pelos candidatos.

O acordo, revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, estipula o pagamento de uma multa de R$ 81 milhões pela companhia como reparação pelos crimes admitidos. Em maio, em relatos preliminares, executivos da empresa contaram aos promotores que a campanha de Alckmin ao governo, em 2010, recebeu R$ 5 milhões via caixa dois. Segundo os funcionários, a operação financeira foi intermediada por Adhemar Ribeiro, cunhado do tucano.

À época, Alckmin negou s as acusações e disse que estava disposto a prestar os esclarecimentos necessários.

Da multa de R$ 81 milhões, R$ 17 milhões serão revertidos para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). O acordo também significa o arquivamento do inquérito civil instaurado em março pelo MP-SP.

A CCR entrou na mira dos investigadores após a delação do operador Adir Assad, que afirmou ter movimentado R$ 45 milhões para a empresa, entre 2009 e 2012, por meio de diversas concessionárias de rodovias controladas pela firma. Em fevereiro, O GLOBO revelou que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, teria recebido comissões de Assad. O ex-diretor nega as acusações.

A CCR afirmou que contribui com as autoridades para esclarecer os fatos e que está fazendo ajustes nas políticas de governança e compliance.

Serra disse que suas prestações de contas sempre foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. A defesa de Alckmin afirmou que o ex-governador “jamais recebeu recursos” da CCR e que o “financiamento de suas campanhas eleitorais sempre foi realizado na forma da lei e sob fiscalização da Justiça Eleitoral”. Kassab disse que todas as doações obedeceram à lei, e Marta não foi encontrada para comentar,

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Máquina de lavar dinheiro

30/11/2018

 

 

Uma operação da Polícia Federal expôs ontem uma rede de traficantes internacionais que usou doleiros para lavar R$ 1,4 bilhão nos últimos três anos. Na tentativa de esconder as operações ilegais, os operadores financeiros abriram 90 empresas de fachada e usaram 70 “laranjas”. Segundo a PF, os traficantes enviaram 2,2 toneladas de cocaína para a Europa. Ao cumprir um mandado de busca e apreensão em São Paulo, os agentes encontraram maços de dólares dentro de uma máquina de lavar.

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Justiça de SP absolve seis réus por cartel nos trens

30/11/2018

 

 

Um dos acusados foi condenado; para juíza, crime apontado pelo MP não foi ‘evidenciado’ nos autos

A Justiça de São Paulo condenou um e absolveu seis dos sete acusados de crime de cartel em licitação para a compra e manutenção de 288 trens da Linha 8 Diamante da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Agenor Marinho Contente Filho, executivo da empresa CAF, foi condenado a dois anos, em regime aberto, por fraudar o edital. Como foi sentenciado com a pena mínima, ele teve direito à substituição por prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa de 2% do valor do contrato, que chegou a R$ 1,8 bilhão. Segundo a juíza, o crime de cartel não ficou “evidenciado nos autos” do processo. Os réus ligados à empresa Alstom foram absolvidos. O Ministério Público de São Paulo informou que vai recorrer da decisão.