Título: Comissão investigará ameaças
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 27/06/2012, Política, p. 4

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) anunciou ontem a criação de uma comissão para apurar as ameaças sofridas pela procuradora da República Léa Batista, que atua na investigação do grupo comandado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. Nos dias 13 e 23 deste mês, ela recebeu e-mails nos quais foi intimidada e ameaçada pelo trabalho que vem fazendo na Operação Monte Carlo.

Os conselheiros do CNMP definiram que a comissão irá apurar em Goiânia as ameaças dirigidas à procuradora e terá como missão prestar apoio aos membros do Ministério Público que atuam nas investigações do caso Cachoeira. "É algo absolutamente intolerável pretender intimidar a atuação dos membros do MP, mas também inútil. Os colegas não vão se intimidar e continuarão atuando com o mesmo destemor e determinação para apurar os fatos", afirmou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Segundo ele, a Polícia Federal está avaliando as denúncias para checar a necessidade de aumentar a segurança da procuradora. O procurador-geral disse que está em andamento uma investigação para detectar de onde partiram as mensagens. No último sábado, Léa recebeu um e-mail, cujo assunto destacado era "cuidado". O texto foi enviado por um homem identificado como Silvio. "Sua vadia, ainda vamos te pegar, cuidado, você e sua família correm perigo", destaca a mensagem.

A decisão do CNMP de criar a comissão para apurar as ameaças foi tomada após o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, se reunir com o corregedor do CNMP, Jeferson Coelho, para pedir providências. Na manhã de ontem, o corregedor levou o caso a debate no plenário do conselho, sugerindo que a comissão fosse criada. "Quem ameaça o Ministério Público não ameaça só o MP, mas o próprio estado democrático de direito", frisou Jeferson Coelho. "Atentar contra a segurança de um procurador não pode passar em branco", acrescentou o conselheiro Tito Amaral.

É algo absolutamente intolerável pretender intimidar a atuação dos membros do MP, mas também inútil"

Roberto Gurgel, procurador-geral da República