Título: PT ao lado da oposição
Autor: de Tarso Lyra, Paulo
Fonte: Correio Braziliense, 27/06/2012, Política, p. 7

O PT adotou de vez o pragmatismo político para conquistar o máximo de prefeituras nas eleições municipais de outubro. Depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter considerado "natural" a foto ao lado do deputado Paulo Maluf (PP-SP), o partido flexibilizou as regras de alianças com a oposição. Em Maringá e Londrina, ambas no Paraná, em Marabá (PA) e em João Pessoa (PB), os petistas estarão coligados com o PPS, um dos partidos mais incisivos nas críticas ao governo federal.

As uniões foram aprovadas na última segunda, durante reunião do Diretório Nacional do PT, dentro do que foi chamado de "excepcionalidades". Nas cidades paranaenses, o PT será cabeça de chapa — deputado Ênio Verri (presidente do diretório estadual) em Maringá e Márcia Vale (irmã do Secretário-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho) em Londrina, com o PPS de vice; em João Pessoa (PB), o PPS estará coligado na chapa do petista Luciano Cartaxo; e em Marabá, os petistas serão vice do deputado estadual João Salame Neto (PPS).

As parcerias poderão estender-se para além do PPS. O Diretório Nacional também autorizou alianças com o PSDB e o DEM nos municípios em que a parceria tiver ocorrido nas eleições de 2008. A cúpula petista mantém, contudo, a proibição expressa de formação dessas parcerias a partir desta eleição. As "excepcionalidades" contrariam, em tese, resolução do próprio PT Nacional, tomada no início do ano, em que ficaram "expressamente proibidas" as dobradinhas de candidatos do PT com legendas que estejam "fora do espectro de alianças que apoiam o governo da presidente Dilma Rousseff".

Para o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), posturas como essas só reforçam o viés antidemocrático do PT. Segundo ele, não existem razões plausíveis para impor vetos se as realidades locais acabam forçando os partidos a impor as exceções. "O PPS veta pessoas, não veta partidos. Não queremos aliança com mensaleiros, guerrilheiros, ou corruptos como deputado Paulo Maluf", atacou Freire.

Maluf, por sua vez, está adorando a publicidade que recebeu após a histórica foto apertando a mão do ex-presidente Lula. Depois de afirmar que a deputada federal Luíza Erundina (PSB) desistiu de ser vice de Fernando Haddad "por ciúmes", e que a aliança com o PP foi de "custo-benefício para os petistas", Maluf tem brincado dizendo que é "mais comunista que Lula, o presidente mais amigo dos banqueiros na história do país".

Enquanto o PT nacional desdobra-se em firmar alianças que permitam o êxito nas eleições, o PT de São Paulo deve confirmar hoje o nome de Nádia Campeão, presidente estadual do PCdoB, como vice na chapa de Fernando Haddad. A campanha do petista já sofreu o primeiro revés. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo condenou ontem Lula e Haddad, em R$ 5 mil cada um, por propaganda antecipada durante o Programa do Ratinho, em 31 de maio.

São Paulo O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, tem resistido às pressões externas sem emitir sinais de quem escolherá como vice em sua chapa no próximo sábado, dia 30. Três correntes tentam atrair a atenção do tucano: parte do PSDB quer uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab; parte quer uma chapa puro-sangue e o DEM pleiteia uma aliança para governar a cidade, mas sabe que não conta com simpatizantes entre os tucanos.