Título: Sindicatos pressionam Cristina
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Fonte: Correio Braziliense, 28/06/2012, Economia, p. 16

Buenos Aires — Com uma paralisação e manifestação maciça diante da Casa Rosada, sindicatos-chave da Argentina exigiram ontem da presidente Cristina Kirchner um corte nos impostos, colocando-a frente ao maior desafio político de sua gestão desde os ferozes protestos rurais de 2008. A greve de um dia foi convocada pelo líder caminhoneiro Hugo Moyano, que se converteu em poderoso adversário após anos de proximidade com o governo, e agora levanta a bandeira da diminuição da taxação sobre os lucros que, ao não se atualizar pela inflação, sobrecarrega os salários de uma grande faixa de trabalhadores.

"O motivo da reivindicação é este imposto maldito que está prejudicando milhões de argentinos", destacou Pablo Moyano, filho de Hugo e secretário adjunto do sindicato de caminhoneiros, à televisão local. Embora a atividade do país não tenha sido totalmente paralisada, houve muitos contratempos pela adesão ao protesto de sindicatos de docentes, funcionários públicos, pilotos e trabalhadores portuários, além de caminhoneiros, entre outros.

Com bandeiras argentinas e de seus sindicatos, milhares de trabalhadores se reuniram na Plaza de Mayo, um lugar emblemático para os protestos do país, no centro de Buenos Aires. O governo não mobilizou nenhuma operação de segurança para evitar tumultos, o que despertou temores de incidentes, que não ocorreram até o fim do dia.

O peronista Moyano, que também é titular da Confederação Geral de Trabalho (CGT), a central sindical mais importante do país, contará com o apoio de numerosos sindicatos e organismos que reclamam uma mudança no imposto que afeta principalmente a classe média.

O sindicalista ganhou poder graças à aliança que durante anos manteve com a presidente peronista Cristina e, antes, com o marido dela, Néstor Kirchner, o que o transformou em um importante líder, que atualmente controla milhões de dólares dos sindicatos e tem a capacidade de mobilizar uma grande quantidade de trabalhadores.

Em um discurso da sede do governo, a presidente Cristina Kirchner defendeu na terça-feira o imposto, que disse ser aplicado apenas sobre uma porção minoritária de trabalhadores, os que recebem mais rendimentos. "A verdade é que não entendo (os protestos). A não ser que haja mais do que questões sindicais, a não ser que haja mais do que questões políticas", disse a presidente, que destacou as realizações de sua gestão em termos trabalhistas.

» Espanha pode reduzir salários

A Espanha não descarta a possibilidade de cortar o salário dos funcionários públicos. De acordo com o secretário de Administração Pública, Antonio Beteta, o governo está olhando para todas as possibilidades sugeridas pela União Europeia e tomará uma decisão em breve. Para completar o pacote de más notícias, boletim do Banco da Espanha (banco central local) indica que a economia do país vai se contrair a um ritmo mais rápido no segundo trimestre. Falando ao Parlamento, o primeiro-ministro Mariano Rajoy afirmou ontem que o país está determinado a manter o acesso ao mercado de financiamento e vai pressionar as instituições europeias a usar as opções disponíveis para estabilizar os mercados financeiros. O pronunciamento ocorreu dois dias antes do encontro de líderes europeus, em Bruxelas.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 28/06/2012 04:45