O globo, n. 31154, 23/11/2018. País, p. 6

 

Filho de Bolsonaro se afasta da equipe de transição

André de Souza

Rayanderson Guerra

23/11/2018

 

 

Vereador rejeita ideia do pai, que cogitou indicá-lo para chefiar a Secretaria de Comunicação, deixa de comandar redes sociais do presidente eleito e diz que vai reassumir mandato na Câmara Municipal do Rio

Filho do presidente eleito, o vereador Carlos Bolsonaro negou ontem que vá assumir a Secretaria de Comunicação (Secom) do futuro governo do pai e disse que vai voltar ao Rio na semana que vem para reassumir o mandato, do qual estava licenciado há três meses. Ele afirmou também que deixou de cuidar das redes sociais de Jair Bolsonaro, função que exerceu nos últimos anos, inclusive durante a campanha eleitoral.

“O meu ciclo de tentar ajudar diretamente chegou ao fim”, escreveu o vereador no Twitter, complementando mais tarde. “Já falei que não aceitarei Ministério ou Secretaria com status de, mesmo que tal situação seja permitida por lei. Sigo meu trabalho sem problema algum no Rio”.

Dos três filhos de Bolsonaro com atuação política, Carlos é o único que estará distante de Brasília a partir do ano que vem — o mais velho, Flávio, foi eleito senador, enquanto o mais novo, Eduardo, foi reeleito deputado federal. A hipótese de Carlos assumir a comunicação do governo foi defendida pelo próprio presidente eleito, em entrevista ao site “O Antagonista”, anteontem. “O cara é uma fera nas mídias sociais. Tem tudo para dar certo”, disse Bolsonaro.

Ontem, no entanto, o presidente eleito recuou:

—Não tem nada certo (para a Secom). Dificilmente, ele vai para lá, dificilmente aceitaria. Seria levado para o lado do nepotismo. Nunca pratiquei isso, não interessa fazer isso. Agora, é uma pessoa extremamente competente.

A primeira menção ao nome do filho do presidente eleito também foi feita anteontem, pelo futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A Secom faz parte da estrutura da pasta que ele vai comandar a partir de janeiro.

— O filho do presidente, Carlos Bolsonaro, sempre esteve à frente dessa comunicação e desenvolveu um trabalho brilhante na campanha. Então, isso (a escolha do chefe da Secom) será discutido com ele e com o presidente (Bolsonaro).

No início do mês, Carlos ironizou, no Twitter, o empresário Marcos Carvalho. Ele atuou na campanha e, em entrevista ao GLOBO, disse que poderia atuar como um consultor de Bolsonaro. “Marqueteiro digital? Tem uma galera que não se cansa de querer aparecer”, publicou Carlos.