O globo, n. 31154, 23/11/2018. País, p. 10

 

Delegado da PF deve ser braço-direito de Moro

Jailton de Carvalho

23/11/2018

 

 

Luiz Pontel, que atuou com o futuro ministro no caso Banestado, é o favorito para a secretaria-executiva do Ministério da Justiça e Segurança Pública, segundo cargo mais importante na hierarquia da pasta

Atual secretário nacional de Justiça, o delegado da Polícia Federal Luiz Pontel está cotado para ser o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública na gestão do ex-juiz Sergio Moro. Pontel fez parte da força-tarefa responsável pelas investigações do Banestado, a primeira grande investigação sobre lavagem internacional de dinheiro julgada por Moro.

Desde então, os dois mantém estreitos laços. Pontel tem sido peça-chave na transição justamente pelas proximidade com o futuro ministro. O delegado foi diretor-executivo da PF, segundo cargo mais importante na hierarquia, de 2009 a 2011. Também foi diretor de Gestão de Pessoal duas vezes, uma entre 2007 e 2009, e a segunda de 2015 a 2017. Em 2013, foi adido em Lisboa.

O atual diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, deverá deixar o cargo em janeiro para ocupar uma vaga na equipe de Moro no ministério. Não está claro, no entanto, qual será a nova função do diretor, que já foi secretário nacional de Justiça.

Procurado pelo GLOBO, Pontel não quis comentar a informação de que aparece como favorito a ocupar a secretaria-executiva. O delegado afirmou que o foco agora é o trabalho na transição de governo. A secretaria-executiva administra a máquina do ministério. Com Pontel no cargo, Moro teria um escudo contra eventuais desvios na movimentação de servidores, contratos e recursos da pasta. Em sua gestão da PF, o atual secretário fez fama de meticuloso e linha dura.

—Ele é muito inflexível, inclusive em coisas pequenas, e é muito dedicado ao trabalho —definiu um colega.

Mesmo com a imagem de duro no trato da máquina pública, Pontel tem temperamento ameno. Ele ocupou cargos relevantes nas gestões dos ex-diretores da PF Luiz Fernando Corrêa e Leandro Daiello. Para Paulo Lacerda, ex-diretor da corporação, não há dúvida sobre a competência do secretário como administrador:

— Ele é muito correto, mas muito mais dedicado à burocracia que às operações. E tem uma boa aceitação na polícia.

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Gabriela Hardt pode sentenciar dois processos contra Lula

Cleide Carvalho

23/11/2018

 

 

Magistrada ficará à frente da Lava-Jato em Curitiba até abril de 2019

A juíza substituta Gabriela Hardt poderá sentenciar as duas ações em andamento na 13ª Vara de Curitiba que têm como réu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — o caso do sítio de Atibaia e o do prédio comprado pela Odebrecht para o Instituto Lula.

Em despacho publicado na quarta-feira, a juíza informou que foi designada para responder pela titularidade plena da 13ª Vara desde a data de exoneração do futuro ministro Sergio Moro, no último dia 19, até 30 de abril de 2019.

Gabriela anexou ao processo sobre o sítio de Atibaia o email que recebeu do Corregedor Regional da Justiça Federal da 4ª Região, Ricardo Teixeira do Valle Pereira. No texto, Valle confirma a permanência de Gabriela no cargo, depois que a defesa de Lula pediu que oficiasse o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) para que fosse informado qual juiz ficaria com os processos da Lava-Jato.

O processo que envolve a compra do prédio e de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP), pela Odebrecht, já está em fase final. A alegação final de Lula foi apresentada em 1º de novembro.

A ação sobre o sítio de Atibaia pode ficar pronta para sentença em janeiro. Lula foi ouvido no dia 14 deste mês e disse que pensou em comprar o sítio. A juíza estabeleceu os prazos de alegação final e o último deles foi marcado para 7 de janeiro.

Opinião do Globo - Mais rigor

A justiça autorizou a transferência, para presídios federais de segurança máxima, de cinco líderes do PCC que cumprem pena na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo.

Eles são acusados de ordenar, de dentro da prisão, a execução de crimes no Brasil e no exterior.

Já não é sem tempo. É preciso desarticular esses “escritórios do crime”. Não se pode admitir que bandidos presos mantenham suas atividades criminosas abrigados numa instalação do Estado, sustentado pelo contribuinte.