O globo, n. 31154, 23/11/2018. Economia, p. 20

 

Ministério de Paulo Guedes terá seis secretarias

Martha Beck

Marcello Corrêa

23/11/2018

 

 

Pasta terá setores voltados para questões como ajuste fiscal, tributação, privatizações, comércio exterior, gestão e modernização do Estado e produção. Estruturas serão reagrupadas

O superministério da Economia do governo Jair Bolsonaro, que vai unificar Fazenda, Planejamento e Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), será composto de seis grandes secretarias. Segundo interlocutores do governo de transição, essas estruturas vão incluir áreas voltadas para o ajuste fiscal, tributação, privatizações, produção, gestão e comércio exterior. O martelo foi batido ontem pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que também anunciou o nome do economista Carlos von Doellinger para comandar o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A ideia de Guedes é eliminar sobreposições entre as pastas já existentes e, ao mesmo tempo, juntar secretarias que hoje tratam de temas semelhantes e podem trabalhar de forma coordenada. A secretaria voltada para o ajuste fiscal reunirá o Tesouro Nacional e a secretaria de Política Econômica, hoje na Fazenda, e a secretaria de Orçamento Federal, que está no guarda-chuva do Planejamento. Ela será comandada pelo atual secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que foi convidado a permanecer no governo.

Secretaria para tributação

Na secretaria voltada para tratar de tributação ficam a Receita Federal, a Previdência Social e possivelmente uma parte do Ministério do Trabalho, que vai ser reformulado.O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) também iria para essa área. Neste caso, o nome estudado para o comando é o do economista Marcos Cintra, que está na equipe de transição e trabalha numa reforma tributária.

Na área de gestão e modernização do Estado, ficam estruturas do Planejamento como as secretarias de Patrimônio da União e de Gestão de Pessoas. Neste caso, o nome mais forte para o comando é o do economista Paulo Uebel, ex-secretário de Gestão do governo João Doria em São Paulo, e que também está na equipe de transição de Bolsonaro.

Há ainda a secretaria de Assuntos Internacionais e Comércio Exterior, onde ficarão partes da Fazenda e do Mdic, que deve ser comandada pelo economista Marcos Troyjo, e a de Produção, Indústria e Comércio, que deve ficar nas mãos de Carlos da Costa, economista e ex-diretor do BNDES. Costa, também na transição, diz que a economia brasileira pode crescer a uma taxa de 5% a partir de 2020 e avançar 30 posições no ranking de competitividade do Banco Mundial, com a adoção de medidas que aumentem a produtividade.

'IPEA subutilizado'

Outra estrutura do superministério será voltada para a área de Privatizações, uma vez que Guedes quer implementar um amplo programa de desestatização. Neste caso, um dos nomes considerados é de Wilson Poit, atual secretário de Desestatizações e Parcerias da prefeitura de São Paulo.

Ontem, o novo presidente do Ipea afirmou que a instituição tem sido subutilizada nos últimos anos. Segundo ele, a orientação da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro é que o órgão seja mais usado para orientar políticas públicas.

— A ideia é usar o Ipea como um apoio forte no ministério da Economia — afirmou o economista, acrescentando: — (O Ipea) é um depósito de talentos, que estava totalmente subutilizado, que a gente quer recuperar para usar isso que estava disponível e ninguém usava. Publicou coisas ótimas, mas ninguém dava bola. Nos últimos governos, simplesmente nem liam o que os caras faziam.

Aposentado pelo Ipea, Doellinger informou que quer orientar a produção do instituto para a solução de problemas específicos do país, como política fiscal. Hoje, o instituto publica regularmente estudos como a Carta de Conjuntura e textos para discussão. O futuro presidente frisou, no entanto, que quer investir em estudos específicos.