Título: Abaixo-assinado contra apoio de Maluf
Autor: de Tarso Lyra, Paulo
Fonte: Correio Braziliense, 22/06/2012, Política, p. 6

O PT tenta esquecer a polêmica sobre a união com o PP de Paulo Maluf, mas a crise política gerada pela foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimentando o ex-prefeito paulistano na última segunda-feira ainda está longe de ser considerada superada. Lula e dirigentes petistas tentam minimizar o episódio, mas um grupo de militantes da sigla elaborou um abaixo-assinado contra a aliança. "Maluf é um inimigo histórico da classe trabalhadora e do povo, do PT e dos socialistas. Tanto faz se o partido no qual navega se chama Arena, PDS, PPB ou PP. Suas ideias e ações sempre se caracterizaram pelo autoritarismo", afirma o documento.

A intenção dos militantes é entregar o abaixo-assinado em 30 de junho, data marcada para a convenção que oficializará a candidatura de Fernando Haddad (PT) para a prefeitura de São Paulo. "Apelamos às direções do PT (municipal, estadual e nacional) e aos companheiros Fernando Haddad e Lula para que recuem dessa decisão desastrosa, rejeitando a aliança com o PP de Maluf", prossegue o documento.

Por enquanto, não existem sinais de que o comando partidário pretenda alterar a estratégia diante da pressão da militância. "Esse caso Maluf-Erundina (deputada federal Luiza Erundina, do PSB, que abdicou da vaga de vice na chapa de Haddad) vai durar uma semana só e depois se esvai", disse ao Correio um integrante do comando de campanha de Haddad.

O ex-presidente Lula também demostrou pouca preocupação com o episódio. Ele acha que o tempo de televisão obtido graças à aliança com o PP — um minuto e trinta e cinco segundos — é mais importante do que a repercussão de sua foto apertando a mão de Maluf. "Pior seria se não houvesse repercussão", emendou ele ontem, na Rio+20 (leia mais na página 8).

Outro petista graúdo que mininizou o episódio foi o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ele lembrou que o PP já faz parte da coalizão que apoia o governo Dilma Rousseff e integrava a gestão de Lula. Nada mais natural, então, que o partido esteja ao lado do PT e de Haddad em São Paulo.

Os coordenadores da campanha do PT esperam anunciar o nome do novo vice até 30 de junho. Três partidos estão na alça de mira das negociações. As conversas estão mais adiantadas com o PCdoB, que teria, inclusive apresentado o nome da deputada estadual Leci Brandão. Alguns petistas consideram, contudo, que Leci não é um nome de amplitude nacional e sonham em convencer a presidente do diretório estadual, Nádia Campeão, que já foi secretária de Esportes na gestão de Marta Suplicy (PT). Caso a parceria com o PCdoB não dê certo, os petistas miram ainda PTB e PDT.

O problema hoje é que as três legendas têm candidaturas próprias. O PCdoB mantém o nome de Netinho de Paula; o PTB apresentou a candidatura de Luiz Flávio D"Urso e os pedetistas sacramentaram o deputado Paulo Pereira da Silva. D"Urso, inclusive, confirmou ter sido procurado por Maluf, que ofereceu a vaga de vice na chapa do PT.

Presidente do PT paulistano, o vereador Antonio Donato disse que o posto seguirá aberto. "Primeiro vamos falar em alianças para depois negociarmos a vice."

30 de junho Data marcada para a convenção que oficializará a candidatura de Fernando Haddad