Título: Schneider é confirmado vice de Serra
Autor: de Tarso Lyra, Paulo
Fonte: Correio Braziliense, 01/07/2012, política, p. 3

O ex-secretário municipal de Educação Alexandre Schneider foi confirmado ontem como vice do tucano José Serra na chapa para a prefeitura de São Paulo. A escolha contempla o PSD, que, após a decisão do Supremo Tribunal Federal de conceder o tempo de televisão e o acesso proporcional do Fundo Partidário à legenda, passou a ter direito a propaganda gratuita maior do que o próprio PSDB.

Schneider também é uma vitória pessoal do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab — fundador do PSD —, e do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que defendiam uma aliança entre os dois partidos. Ao longo do processo, Kassab sempre disse que "a parceria com Serra independia da escolha do vice". Mas tanto ele quanto o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, esperavam a retribuição do apoio. "Com a decisão do STF, não havia por que o vice não ser o Alexandre", disse Saulo ao Correio.

Além da proximidade pessoal, Aloysio defendia uma aliança com o PSD por considerar que a parceria era um sinal de abertura política. E afastava a imagem de que Serra poderia optar por uma chapa puro-sangue de olho em uma eventual candidatura à Presidência em 2014. "Isso está descartado. Serra vai cumprir o mandato e concorrer à reeleição", assegurou um dos coordenadores da campanha municipal do PSDB, deputado Walter Feldmann.

Foi a segunda derrota da ala dos puristas do PSDB. Eles já haviam perdido na disputa pelo chamado "chapão". O grupo, cujo integrante mais ilustre é o secretário estadual de Energia, José Aníbal, era contra a abertura de espaço na coligação proporcional de vereadores para os demais integrantes da coalizão, como DEM e PSD. Serra bateu o pé e ampliou as vagas para vereadores.

O mesmo grupo defendeu, então, uma chapa puro-sangue tucana. O nome indicado seria do secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo. A exemplo de Aníbal, ele também pretendia disputar as prévias do PSDB. Amigo pessoal de Serra, Andrea desistiu da disputa, enquanto Aníbal foi derrotado na votação dos militantes.

Costura Embora tivesse autonomia para indicar seu vice, respeitando, inclusive, o estilo autoritário que o caracterizou ao longo de toda a trajetória política, Serra buscou costurar com todas as pontas a indicação de Alexandre Schneider. Na noite de sexta-feira, reuniu-se tanto com o prefeito Gilberto Kassab quanto com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

Alckmin também era refratário à indicação de Scheineder, embora não se opusesse à aliança formal com o PSD. As barreiras que impediam a aceitação do novo vice de Serra devem-se ao fato de ele ter deixado o PSDB no ano passado para se filiar ao partido do prefeito de São Paulo. Além disso, em 2008, ainda nas hostes tucanas, ele apoiou Kassab, então no DEM, contra Alckmin na disputa pela prefeitura paulistana.

O maior derrotado nesse processo, contudo, foi o DEM, que viu escorrer entre os dedos a chance de indicar o vice de Serra. A opção demista era o deputado federal Rodrigo Garcia. Mas ninguém do PSDB apoiava a união com o ex-aliado preferencial. Principalmente após o partido ver desidratado o seu tempo de televisão.