O globo, n. 31133, 02/11/2018. País, p. 8
Heleno diz que há indício de novo ataque a Bolsonaro
Jailton de Carvalho
Karla Gamba
02/11/2018
O general da reserva Augusto Heleno, futuro ministro da Defesa, disseque o serviço de inteligência descobriu indícios do planejamento de “ato terrorista’’ contra Bolsonaro. Ele não detalhou o autor do plano nem as providências tomadas pelas autoridades. O esquema de segurança da posse já está sendo preparado. Futuro ministro da Defesa, o general da reserva Augusto Heleno disse ao GLOBO ontem que o serviço de inteligência do país descobriu indícios de um plano “terrorista” contra o presidente eleito Jair Bolsonaro. O general fez o comentário ao ser questionado sobre rumores que começaram a circular em Brasília nos últimos dias sobre o assunto:
— A informação de que foi plotado (localizado) um planejamento de um ato terrorista contra o presidente (Bolsonaro) é verdade. Isso já foi confirmado por autoridades da área de inteligência.
O general não detalhou quem seria o autor do plano nem quais as providências tomadas pelas autoridades do governo do presidente Michel Temer em relação ao caso. Aos 71 anos, o militar tornou-se um dos conselheiros mais graduados do presidente na montagem do governo.
Heleno chegou a ser cotado para vice na chapa de Bolsonaro, mas acabou não ocupando o cargo por causa da discordância do seu partido, o PRP. Na reserva desde 2011, comandou a missão de paz das Nações Unidas no Haiti, foi comandante militar da Amazônia e chefiou o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.
As informações sobre o suposto plano de ataque contra Bolsonaro foram discutidas em reuniões sigilosas na Polícia Federal e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No início da semana, a Polícia Federal ampliou de 35 para 55 o número de policiais envolvidos na segurança de Bolsonaro, elevando o protocolo de defesa ao nível máximo.
A polícia negou que a medida esteja relacionada a eventual aumento de risco contra Bolsonaro. A explicação dada pela PF foi de que o reforço na segurança já estava previsto desde a primeira fase da campanha. O sistema de proteção seria ampliado mesmo se o vencedor fosse o candidato Fernando Haddad (PT).
Segurança na posse
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) iniciou os preparativos para a posse presidencial, no dia 1º de janeiro. Há um edital para aquisição de 40 quilômetros de alambrados, ao custo de R$ 168 mil, para isolar os lugares por onde o presidente passará.
Alguns detalhes mais específicos sobre o deslocamento de Bolsonaro ainda não foram decididos, masa hipótese de que o tradicional desfile no Rolls-Royce presidencial seja com o carro fechado não foi descartada. Os organizadores também não desconsideram a possibilidade de ser utilizada alguma proteção aprova de bal asnos arredores do Palácio do Planalto para o momento em que ele subirá a rampa, receberá a faixa e fará o discurso no parlatório, localizado na parte externa do Planalto.
Além do reforço nas grades, a previsão é que haja também um reforço no efetivo policial. Os detalhes da posse já foram discutidos em duas reuniões. A última foi realizada na semana passada, antes do segundo turno. A posse tem sido tratada com apreensão e comparada com outros momentos “tensos” em que foi necessário segurança especial para o chefe de Estado.
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Rayanderson Guerra
02/11/2018
O presidente eleito Jair Bolsonaro vai passar pela terceira cirurgia desde que foi esfaqueado quando participava de um ato de campanha no Centro de Juiz de Fora (MG). O novo procedimento, marcado para o dia 12 do próximo mês, será feito no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para a retirada da bolsa de colostomia, colocada em função de lesões graves nos intestinos do capitão da reserva.
Em entrevista coletiva na tarde de ontem, Bolsonaro afirmou ainda que, por causa da cirurgia, a data para a primeira viagem internacional como presidente eleito —anunciada para o Chile — ainda não foi definida.
—Não marquei porque tenho problema com a bolsa de colostomia. Nestas viagens longas eu posso ter algum problema. E eu não quero colocar em risco minha saúde. A princípio, a operação é no dia 12 de dezembro, três meses após a primeira cirurgia —contou.
O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil no novo governo, anunciou na semana passada que Bolsonaro traçou o roteiro de suas primeiras viagens internacionais. Sem data definida, ele deverá começar pelo Chile, ir aos Estados Unidos e depois a Israel.
O roteiro escolhido sinalizou uma mudança na política externa brasileira, que nos governos anteriores do PT priorizou a cooperação Sul-Sul, bloco de países em desenvolvimento.
Atentado em Minas
Bolsonaro levou uma facada no dia 6 de setembro de Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, que deixou o então candidato com risco de morte. Bolsonaro foi levado às pressas para a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, onde passou por uma cirurgia de emergência por causa de ferimentos nos intestinos grosso e delgado e em uma veia abdominal.
No dia seguinte ao atentado, a equipe médica decidiu pela transferência de Bolsonaro para o Hospital Albert Einstein.
Durante a internação e a recuperação em São Paulo, o presidente eleito chegou a ser liberado para comer alimentos sólidos. Mas, após apresentar distensão abdominal, cinco dias após a internação no Albert Einstein, a equipe médica suspendeu a alimentação .
Uma tomografia do abdômen, à época, revelou a presença de aderência — uma espécie de faixa de tecido humano — que obstruía o intestino delgado, um dos locais atingidos pela facada.
Bolsonaro , que já liderava a corrida presidencial quando foi atacado, precisou permanecer internado por 23 dias. Por causa do ataque, ele ficou fora da campanha nas ruas e os debates na televisão. Desde então, intensificou a busca por votos nas redes sociais, com lives no Facebook feitas de casa .
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Jussara Soares
Eduardo Bresciani
02/11/2018
Bolsonaro viaja na próxima semana para Brasília e participa de evento no Congresso
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vai se encontrar com o presidente Michel Temer, na próxima quarta-feira, às 16h. Será a primeira vez em que os dois estarão juntos após o resultado das eleições do último domingo. O novo chefe do Executivo, que tomará posse em 1º de janeiro do ano que vem, chegará a Brasília na segundafeira para se reunir com autoridades e participar mais ativamente da transição entre os governos.
Baseado no Rio de Janeiro, onde permaneceu durante a campanha enquanto se recuperava do atentado que sofreu em 6 de setembro, Jair Bolsonaro se reuniu com aliados pela primeira vez já na terça-feira seguinte à eleição. Na quarta-feira, em outro encontro com a equipe, foram definidos quais serão as pastas que farão parte da estrutura do Ministério na gestão do ano que vem.
Fururo ministro da Casa Civil, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse ontem ao GLOBO que a equipe de governo está sendo desenhada pelo próprio presidente eleito, a partir de dois modelos — com 15 e com 16 pastas. A equipe ainda considera a viabilidade das fusões dos ministérios da Cultura com Educação e do Meio Ambiente com Agricultura.
Bolsonaro retornará ao Congresso Nacional pela primeira vez após sua eleição na próxima terçafeira. O presidente eleito é deputado federal pelo Rio, mas não compareceu mais na Câmara desde o atentado sofrido na cidade de Juiz de Fora (MG), durante a campanha.
Na agenda de Jair Bolsonaro está a participação em uma cerimônia para celebrar os 30 anos da Constituição de 1988 . O esquema preparado no Congresso é similar ao que será utilizado na posse, em 1º de janeiro de 2019, com segurança reforçada e acesso restrito à imprensa.
De acordo com a assessoria da Câmara dos Deputados, o presidente eleito já confirmou presença no evento. Também estão confirmados o presidente Michel Temer, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge , além dos presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Visita ao Supremo
O esquema de segurança adotado prevê que o presidente eleito entre pela chapelaria da Câmara. Bolsonaro será recepcionado pelo presidente do Senado em seu gabinete. Depois as autoridades seguirão para o plenário da Câmara. Os jornalistas ficarão apenas nos corredores e nas galerias, sem ter acesso direto a Bolsonaro e demais autoridades.
Além de se reunir com Michel Temer na quartafeira, em Brasília, o presidente eleito também fará uma visita a Dias Toffoli no Supremo.