Título: Lugo se diz aliviado com sanção
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Fonte: Correio Braziliense, 01/07/2012, Mundo, p. 20

Depois de acompanhar a suspensão do Paraguai do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), anteontem, o presidente destituído Fernando Lugo agradeceu ontem o fato de o bloco ter desistido da sanção econômica que seria aplicada como punição ao país. "Fico feliz de que não exista uma sanção ou um bloqueio econômico que prejudique a nação e, especialmente, as pessoas humildes do Paraguai. Alegramo-nos de que não tenham exercido uma sanção assim", afirmou Lugo ao jornal Uno de Mendoza (oeste da Argentina).

A decisão de punir o Paraguai foi tomada pela Argentina, pelo Brasil e pelo Uruguai com a justificativa de que era preciso "restabelecer a ordem democrática no país". Assim, o país só poderá voltar a ser membro do Mercosul depois das eleições presidenciais, previstas para abril de 2013. A mesma posição foi adotada pela Unasul, o organismo político regional que o Paraguai integrava ao lado de outras 11 nações.

Lugo também comemorou a incorporação da Venezuela ao bloco. A entrada de Hugo Chávez ao Mercosul tinha sido protelada pelo fato de o Parlamento paraguaio ter sido o único a não confirmar a adesão da Venezuela. Ele ainda defendeu a adesão de países associados, como Chile, Bolívia e Equador, na qualidade de membros plenos. Toda essa movimentação provocou reações na imprensa paraguaia. Por meio de um editorial, o diário ABC Color considerou que os países do Mercosul "venderam o quarto sócio (Paraguai), para entregar a posição de membro pleno do grupo ao gorila Hugo Chávez, que, com seus petrodólares, se encarregará de "agradecer" — oportuna e generosamente — o "gesto" de seus devedores Cristina Fernández de Kirchner, Dilma Rousseff e José Mujica". A capa do jornal Ultima Hora, também de Assunção, trazia a manchete "Suspensão do Paraguai permite o ingresso da Venezuela no Mercosul". Por sua vez, o argentino La Nación afirmou que a punição ao governo de Federico Franco e a concessão a Chávez foram uma manobra de uma "nova tríplice aliança", em referência a Brasil, Argentina e Uruguai.

Tensão Na última semana, dois brasileiros foram mortos na fronteira do Paraguai com o Brasil. As vítimas eram produtores rurais. O Itamaraty investiga as causas da morte, mas as tensões provocadas pela saída de Lugo e a suspensão do Paraguai do Mercosul impediram que autoridades dos dois países debatessem o caso.

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