Título: Economia 64% menor
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 30/06/2012, Economia, p. 15

O governo decidiu abrir os cofres para tentar evitar o fiasco da economia. Isso ficou claro ontem na divulgação, pelo Banco Central, do resultado do setor público. Em maio, a área economizou apenas R$ 2,65 bilhões para o pagamento de juros da dívida, praticamente a metade do superavit primário previsto pelo mercado. Foi o pior resultado mensal de 2012 e o menor valor para meses de maio em dois anos. Contra igual período do ano passado (R$ 7,5 bilhões), o saldo encolheu 64,6%. "A moderação da atividade tem impacto nesse resultado. E não se deve olhar apenas para o resultado de um mês", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Túlio Maciel.

Segundo ele, os dados do superavit primário se tornam mais consistentes quando observados em um período maior. Nesse caso, no acumulado dos primeiros cinco meses de 2012, o superavit do setor público consolidado atingiu R$ 62,86 bilhões, com queda de 3% em relação a igual período do ano passado. Com esse desempenho, destacou o economista do BC, o governo cumpriu 45% da meta de economia para todo o ano, R$ 139,8 bilhões, o equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Com o governo economizando menos no mês passado, o deficit nominal, que inclui os dados com juros, deu um salto e somou R$ 16 bilhões, o mais elevado para maio em toda a série histórica do BC. No acumulado do ano, a situação foi melhor. O rombo atingiu R$ 32 bilhões, o equivalente a 1,81% do PIB. A disparada do deficit nominal se dá em um cenário de queda das despesas com a dívida pública, ampliando a desconfiança dos investidores em relação ao real compromisso do governo com o ajuste fiscal.

O BC informou que refez suas projeções para vários indicadores. A relação entre dívida líquida e PIB, por exemplo — que recuou de 35,7% para 35% entre abril e maio por conta da desvalorização do real ante o dólar de 6,9% — deverá verificar nova queda em junho. A estimativa é de que o endividamento fique em 34,5% do Produto, o menor nível da história. Para o fim do ano, a estimativa também é de queda. Em vez de 35,7%, espera, agora, 35%. Já o deficit nominal, por conta da revisão do crescimento da economia de 3,5% para apenas 2,5%, deverá chegar em dezembro a 1,4% do PIB frente ao 1,2% previsto anteriormente. Mesmo assim, será o menor rombo já registrado nas contas públicas.