Título: UE aprova socorro
Autor: Franco, Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 30/06/2012, Economia, p. 18

Os líderes da Zona do Euro, na tentativa de evitar uma crise ainda maior na região, colocando em risco a moeda que une 17 países europeus, concordaram ontem em permitir que seu fundo de resgate injete dinheiro diretamente em bancos problemáticos a partir do ano que vem e que intervenha nos mercados de títulos para dar suporte a países-membros em dificuldades. As autoridades também prometeram criar um órgão supervisor único para os bancos da região, sob a estrutura do Banco Central Europeu (BCE), em um primeiro passo rumo a uma união bancária europeia que pode ajudar a amparar a Espanha.

"É um primeiro passo para quebrar o círculo vicioso entre bancos e países", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, em entrevista à imprensa. O acordo foi considerado uma vitória dos primeiros-ministros da Itália, Mario Monti, e da Espanha, Mariano Rajoy, sobre a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que havia descartado, no começo da semana, qualquer necessidade para tais medidas de emergência. O presidente francês, François Hollande, também saiu vitorioso do encontro. A vitória da Itália na Eurocopa sobre a Alemanha, com o mais importante campeonato europeu nos pés dos espanhóis e italianos, foi apenas o pano de fundo da disputa política. O presidente do BCE, Mario Draghi, endossou os "resultados tangíveis", que fizeram o euro subir com força e reduziram as taxas dos títulos de Espanha e Itália. "Foi uma reunião muito difícil, muito dura (...), mas obtivemos resultados", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. "Tomamos decisões inimagináveis um mês atrás", completou o presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Barroso.

Princípios

O primeiro-ministro espanhol negou que haja condições macroeconômicas no plano de ajuda para a recapitalização dos bancos em dificuldades. "Estamos negociando o memorando com o FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira)", explicou após o término da reunião de cúpula da Europa, em Bruxelas, na Bélgica. "Os países deram OK ao pedido da Espanha." Merkel defendia que qualquer empréstimo ou socorro deveria ter como contrapartida medidas de austeridade fiscal e monetária.

Merkel afirmou que permaneceu "fiel" a seus princípios ao pedir condições em troca das medidas cruciais para ajudar esses países, que nos últimos meses têm sido fortemente castigados pelos mercados, pagando taxas exorbitantes para financiar-se. A injeção de capital diretamente aos bancos espanhóis, que possui um teto de 100 bilhões de euros, será feita por meio do fundo de resgate europeu, sem passar pelo Estado, mas com a condição de que o BCE passe a ser o supervisor único do setor bancário na Zona do Euro. "Creio que obteremos algo importante, mas ao mesmo tempo nos manteremos fiéis aos nossos princípios: nenhuma ajuda será dada sem condições e sem contrapartidas", disse Merkel.

Uma vez que esta supervisão reforçada entre em vigor, possivelmente antes do fim do ano, segundo estimou a UE, a ajuda deixará de contabilizar como dívida pública. Essta é uma grande notícia para a Espanha, que tem se comprometido com Bruxelas a reduzir seu deficit público a 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, frente aos 8,9% de 2011.

O suspiro de Eike Batista

As ações da OGX subiram 8,91%, a R$ 5,50 ontem, interrompendo a sangria dos dois pregões anteriores, quando o papel caiu quase 40%, após a forte decepção do mercado com dados de produção de petróleo da empresa. A preferencial da Petrobras subiu 3,11%, a R$ 18,25 reais, enquanto a da Vale teve alta de 2,17%, a R$ 39,16. Com o resultado desse pregão, o índice acumulou queda de 0,25% em junho e de 15,74% de abril a junho, escapando por pouco de amargar o pior desempenho trimestral desde 2008. No acumulado do primeiro semestre, o Ibovespa teve perda de 4,23%.