O globo, n. 31140, 09/11/2018. País, p. 7

 

Flexibilização no uso de agrotóxicos ganha força

09/11/2018

 

 

Futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina diz que debate sobre mudanças em regras terá ‘muito espaço’; preterido, ruralista aliado de Bolsonaro afirma que indicação de deputada mostra força da ‘velha política’

Indicada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para ocupar o Ministério da Agricultura, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) afirmou ontem que a discussão sobre a flexibilização nas regras para o uso de agrotóxicos terá “muito espaço” no futuro governo.

Em junho, a comissão especial da Câmara que analisava o assunto aprovou um projeto de lei que prevê mudanças na regulação — o texto, que ainda precisa passar pelo plenário, foi apelidado pela oposição de “PL do veneno”.

—Com certeza, terá muito espaço de debate ainda. A comissão especial trouxe amodernização. É você dara opção de o produtor brasileiro usar as mesmas moléculas que são usadas lá fora por meio da agilidade, transparência e governança — disse a futura ministra.

A proposta facilita o registro de substâncias e unifica o controle no Ministério da Agricultura —hoje, Ministério da Saúde e Ibama também participam do processo.

A indicação da deputada para a pasta foi classificada como um exemplo de força da “velha política” pelo ruralista Luiz Antônio Nabhan Garcia, principal conselheiro de Bolsonaro para o agronegócio. Presença frequente ao lado do presidente eleito durante a campanha, Nabhan, que preside a União Democrática Ruralista (UDR), defendia que o ministro fosse escolhido a partir de uma sugestão dos produtores rurais, mas foi vencido pela Frente Parlamentar Agropecuária, bloco presidido por Tereza Cristina.

Na semana passada, Nabhan e outros representantes do setor se reuniram com o presidente eleito elevaram a ele o nome do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Antes de tentar emplacar o aliado, Nabhan buscou viabilizar o próprio nome.

—Houve um trabalho muito forte da Frente Parlamentar Agropecuária. Algumas coisas ainda permanecem na forma da velha política. Mas estamos torcendo por uma boa gestão. Quem sabe daqui a quatro anosa base produtoras e jamais ouvida—afirmou Nab hana o GLOBO.