Título: MP apura o caso
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 02/07/2012, Brasil, p. 6

Consultado pelo Correio sobre informações a respeito das adoções em comarcas pelo interior do estado, o Ministério Público (MP) de Goiás informou ter acionado, há menos de uma semana, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da própria instituição para investigar o caso. "Nós tomamos conhecimento porque cerca de 10 processos chegaram ao segundo grau com características no mínimo inusitadas. Eram europeus, a maioria residente em Portugal, querendo adotar brasileiros residentes em Londres", conta a procuradora Laura Maria Ferreira Bueno. Para ela, há indícios de que o objetivo das adoções seja o de regularizar a situação no exterior. "Temos que aguardar os resultados, mas não descarto a possibilidade de que seja uma coisa muito maior, até em outros estados."

Acionado pelo MP, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) instaurou na última semana um procedimento preliminar de averiguação para apurar a existência de crime. "Pode estar havendo um desvio de conduta de pessoas para violar a lei de imigração, o que antes acontecia por meio do casamento. Uma adoção precisa ter o ânimo da pessoa que adota de ser o pai do adotado, mas se é só para regularizar a situação no outro país, fica caracterizada a falsidade ideológica, falsidade material, entre outras irregularidades", afirma Carlos Magno Rocha da Silva, 1º juiz auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça de Goiás.

A partir dessas semana, juízes de algumas comarcas terão de prestar informações ao TJGO. "Queremos saber se há um volume de processos fora do padrão. Realmente, chama a atenção por serem comarcas pequenas, mas por enquanto está tudo sob controle da máquina da Justiça", diz Carlos Magno. Nos fóruns de Carmo do Rio Verde, Rialma e Ceres, onde o Correio esteve, são comuns os comentários a respeito dos processos, principalmente nas escrivanias de direito de família. "É de um povo que está em Londres, né? Parece que é para regularizar a coisa do visto lá fora", diz uma funcionária em Carmo do Rio Verde, que prefere não se identificar. (RM)