Título: Hannelore ameaça reinado de Merkel
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Fonte: Correio Braziliense, 02/07/2012, Economia, p. 11

Berlim — O partido Social Democrata (SPD), de oposição da Alemanha, está ganhando espaço sobre o conservador Cristão Democrata (CDU), da chanceler Angela Merkel. Obteve 32% das intenções de voto, graças à onda de popularidade de uma nova líder que poderá desafiar Merkel nas urnas daqui a 15 meses.

Hannelore Kraft, reeleita primeira-ministra do estado da Renânia no Norte-Vestfália, em maio, saiu do nada para o terceiro lugar na lista da revista alemã Der Spiegel dos 20 políticos mais populares, logo depois de Merkel, que ocupa o segundo lugar. Filha de um piloto de bonde, que fala o que quer, sem meias palavras, ela ganhou aprovação fervorosa por administrar o estado mais populoso da Alemanha durante a crise econômica, ajudando a ascensão do SPD em dois pontos percentuais desde dezembro, de acordo com informações do TNS Forschung Institute.

"Kraft é a nova esperança do SPD", escreveu a revista. Os três principais candidatos do SPD — o presidente do partido, Sigmar Gabriel, o líder parlamentar, Frank-Walter Steinmeier, e o ex-ministro das Finanças Peer Steinbrueck — estão todos atrás de Hannelore, 51 anos, em popularidade. Embora ela tenha dito que não quer concorrer contra Merkel em 2013, essa posição pode mudar se o SPD pressioná-la a carregar sua bandeira nas eleições federais. Com 32%, o SPD está agora nove pontos percentuais acima do que tinha nas eleições federais de 2009, quando o partido foi derrotado depois de 11 anos no poder. Agora, com seus aliados preferenciais, os verdes (com 13%), está perto de obter os votos necessários para voltar a controlar o parlamento. Combinados, os dois partidos receberiam 45% dos votos, perto dos 47% a 48% normalmente necessários para uma maioria parlamentar. Legendas com menos de 5% não conseguem assento no Bundestag.

A pesquisa mostrou o CDU, de Merkel, e seu partido-irmão da Baviera, a CSU (União Social Cristã), com 35% da preferência, mas seus parceiros de coalizão, os Democratas Livres, estavam com 4% — um ponto a mais desde dezembro, mas abaixo dos 10,6% de 2009. O levantamento, feito dias 26 e 27 de junho, não refletiu o impacto da cúpula da União Europeia do fim da semana passada, onde alguns especialistas dizem que Merkel cedeu demais em um acordo para proteger os bancos da Zona do Euro.

Economias francesa e espanhola patinam

O ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, revelou ontem ao jornal Le Figaro que o governo reduzirá as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 0,7% para pelo menos 0,4%, dada a piora no clima econômico internacional e, sobretudo, na Zona do Euro. "Quanto a 2013, todo mundo sabe que não crescremos 1,7 %. Uma faixa entre 1% e 1,3% parece mais verossímil", afirmou. A economia da Espanha não vai tão bem quanto a seleção de futebol liderada por Iker Casillas, bi-campeã da Eurocopa. O ministro da Economia do país, Luis de Guindos, afirmou que o PIB encolheu ainda mais no segundo trimestre de 2012, mas deverá se estabilizar até o fim do ano, enquanto o governo continuará realizando reformas estruturais e adotando medidas de austeridade fiscal. No primeiro trimestre, o tombo foi de 0,3%, mas o governo espanhol prevê queda de até 1,7% este ano. Especialistas alertam que o arrocho orçamentário pode fazer a retração ser ainda maior.