O Estado de São Paulo, n. 45678, 09/11/2018. Política, p. A6
PF investiga repasse da Odebrecht a Jucá
09/11/2018
Segundo delatores, empreiteira teria pago R$ 4 mi a presidente do MDB em troca de medida fiscal para portos
A Polícia Federal desencadeou ontem a Operação Armistício, que investiga o suposto recebimento de R$ 4 milhões como vantagem indevida pelo senador Romero Jucá (RR), presidente do MDB. Os valores estariam ligados à edição, no ano de 2012, de uma Resolução do Senado que se destinava a restringir a guerra fiscal nos portos brasileiros. Jucá não foi alvo de medidas judiciais nesta operação, que focou endereços ligados doleiros, operadores e empresas.
Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, a Armistício também se destina a buscar indícios e provas sobre se houve pagamentos a outras autoridades delatadas por executivos da Odebrecht, entre elas, o senador Renan Calheiros (MDBAL) e os ex-senadores Delcídio Amaral e Gim Argello. Formalmente, os três não constam como alvos do inquérito nem tiveram endereços vasculhados.
A PF cumpriu nove mandados de busca e apreensão em São Paulo contra doleiros e investigados por pagar vantagem indevida. Em nota, a PF informou que os pagamentos indevidos teriam sido feitos pela Odebrecht, com interesse na edição do ato.
Na delação, o executivo Cláudio Melo Filho relatou ter recebido solicitação de vantagem indevida após a aprovação da resolução 72 do Senado, e, por isso, Jucá “teria diligenciado para atender aos interesses da empresa”. Outro delator da Odebrecht, Carlos José Fadigas de Souza Filho apontou o interesse da Braskem S/A na medida, que consistiria em limitar a “Guerra dos Portos”, disputa fiscal entre Estados para aumento de desembarques em portos.