O globo, n. 31139, 08/11/2018. País, p. 5

 

Temer se compromete a ajudar presidente eleito

Catarina Alencastro

Karla Gamba

Mateus Coutinho

08/11/2018

 

 

Em reunião no Planalto, ficou acertado que projetos de interesse do novo governo terão apoio da atual gestão para aprovação no Congresso ainda em 2018; Bolsonaro é convidado a fazer viagens internacionais

O presidente Michel Temer e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, se reuniram ontem, no Palácio do Planalto, e fizeram um breve anúncio dizendo que projetos de interesse do novo governo serão selecionados para que a atual gestão se esforce em aprová-los nas semanas que ainda restam de 2018. Bolsonaro agradeceu a “cortesia” e recebeu de Temer a chave simbólica do gabinete de transição.

O presidente colocou-se à disposição do próximo chefe de Estado para tentar aprovar matérias na Câmara e no Senado este ano.

—Estamos à disposição para colaborar intensamento envidando esforços em projetos que ainda estejam em andamento e sobre os quais haja interesse —disse Temer.

Bolsonaro não quis citar, no entanto, quais propostas gostaria que fossem adiante ainda este ano. Após o pronunciamento, ao responder sobre o desejo de ver aprovada a reforma da Previdência, calou-se.

O presidente eleito disse que procurará Temer outras vezes, inclusive após a posse, pois não pode prescindir do conhecimento de quem já ocupou o mais alto posto da administração federal. Temer, por outro lado, afirmou que convidou o presidente eleito para acompanhá-lo na próxima viagem internacional que fará, para a Argentina, onde participa da cúpula do G-20.

Para Bolsonaro, a reunião foi positiva:

— Estou feliz, conversamos sobre vários assuntos, entre eles a governabilidade, e ele está disposto a colaborar conosco no que for possível. Eu o procurarei mais vezes para que juntos possamos fazer uma transição para que projetos de interesse do nosso Brasil continuem fluindo na normalidade — afirmou. — Queria agradecer a cortesia, a forma como fui recebido e dizer que, se preciso for, voltaremos a pedir que ele nos atenda. O Brasil não pode se furtar do conhecimento daqueles que passaram pela Presidência. Será útil para todos nós —disse Bolsonaro.

Já Temer elogiou o desempenho do sucessor na eleição e classificou a campanha eleitoral vitoriosa de “belíssima”.

— Convidei-o para fazer viagens ao exterior, evidentemente se ele tiver disposição. Entregamos simbolicamente as chaves de onde será o gabinete de transição. E, no dia primeiro de janeiro, terei o prazer de entregar as chaves ao presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Balanço do governo

Também participaram da reunião no Planalto o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; o atual, Eliseu Padilha; o futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno; o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e um dos filhos de Bolsonaro, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Foi entregue ao presidente eleito um livro com o balanço do governo; um Plano Plurianual para os próximos 12 anos e um arquivo com dados do governo, do Sistema Governa.

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Diplomação é antecipada para o dia 10 de dezembro

08/11/2018

 

 

A diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi antecipada para o dia 10 de dezembro, em vez do dia 19, como estava previsto. A data foi alterada em função de nova cirurgia que Bolsonaro terá que fazer no dia 12.

A intenção inicial do TSE era que a diplomação acontecesse no último dia previsto para a cerimônia, já que o TSE tem até o dia 15 do mesmo mês para analisar as contas de todos os candidatos eleitos em outubro.

No entanto, Bolsonaro não poderia participar da diplomação na data prevista por causa da recuperação da operação do dia 12, a terceira a ser feita em decorrência do atentado sofrido em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG).

Desta vez, o procedimento servirá para a retirada da bolsa de colostomia que o presidente eleito usa desde que recebeu uma facada. Bolsonaro terá que ficar uma semana em repouso.

A operação será feita no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Bolsonaro ficou internado depois do atendimento de emergência na Santa Casa de Juiz de Fora.