O globo, n. 31139, 08/11/2018. País, p. 6

 

Tereza Cristina é anunciada para a agricultura

Eduardo Bresciani

Aguirre Talento

08/11/2018

 

 

Coordenadora da bancada ruralista, deputada é a primeira mulher indicada para o ministério de Bolsonaro; pasta tem orçamento de R$ 9,4 bi para 2019; aliados dizem que escolhida vai ‘homologar’ nome para o meio ambiente

O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou ontem a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) como ministra da Agricultura. Coordenadora da bancada ruralista, ela é a primeira mulher indicada para o ministério da próxima gestão. Até agora, o presidente eleito tinha anunciado cinco homens para o primeiro escalão e, somente após questionamentos, havia sinalizado que teria integrantes do sexo feminino na equipe. A indicação ocorreu após reunião com a bancada ruralista no Centro Cultural do Banco do Brasil, onde trabalha a equipe de transição.

— Quero agradecer a todos vocês e, com muito prazer, eu anuncio aqui Tereza Cristina como ministra da Agricultura — disse Bolsonaro aos parlamentares no encerramento da reunião. Em seguida, ele anunciouadecisãonoTwitter.

A pasta da Agricultura tem orçamento previsto de R$ 9,4 bilhões para 2019, menos que os R$ 10,2 bilhões deste ano. O potencial da área, porém, é muito maior. O setor agropecuário tem peso importante no Produto Interno Bruto e tem conseguido resistir às turbulências na economia brasileira. Entre as atribuições da pasta está elaborar o Plano Safra, linha de crédito para médios e grandes agricultores. Neste ano, o pacote anunciado foi de R$ 194,3 bilhões. A pasta cuida também da agricultura familiar.

Questão ambiental

Vice-presidente da frente parlamentar, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) disse após o encontro que ficou acertado que a pasta do Meio Ambiente continuará a existir de forma autônoma, mas o nome do titular terá de ser “homologado” por Tereza Cristina.

A deputada se aproximou de Bolsonaro depois de ter levado a ele uma declaração formal de apoio da frente parlamentar na semana anterior ao primeiro turno das eleições. O apoio foi tido pelo presidente eleito e seu time como fundamental para desmontar o discurso de que ele não conseguiria sustentação no Congresso. A indicação confirma a estratégia declarada de sua equipe de evitar negociações partidárias e focar em bancadas temáticas.

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Deputada trocou PSB pelo DEM para defender Temer

Eduardo Bresciani

08/11/2018

 

 

Futura ministra presidiu comissão que aprovou “PL do Veneno”, projeto para flexibilização da regulação de agrotóxicos

Deputada de primeiro mandato, a sul-matogrossense Tereza Cristina virou notícia há pouco mais de um ano ao abandonar o partido que liderava, o PSB, para defender o presidente Michel Temer na votação das denúncias realizadas pela Procuradoria-Geral da República. Após o rompimento, foi levada para o DEM pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e, em fevereiro deste ano, alçada à coordenação da poderosa bancada ruralista, quando o deputado Nilson Leitão (MT) deixou o cargo para o qual tinha sido eleito para liderar o PSDB.

Engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa (MG), atuou em cargos de segundo escalão no governo do Mato Grosso do Sul antes de chegar à Câmara em 2014. Sua reeleição em 2018 é atribuída à decisão de, na semana final do primeiro turno, levar a Bolsonaro uma carta da bancada ruralista declarando apoio a ele. O hoje presidente eleito passou a apoiar a deputada, que foi a quarta mais votada em seu estado.

Na Câmara, teve destaque também como presidente da comissão especial que aprovou o polêmico projeto que flexibiliza a regulação de agrotóxicos, proposta que ganhou o apelido de “PL do Veneno”. Ela foi uma das principais defensoras e articuladoras da votação.

Com perfil discreto, a parlamentar construiu seu caminho nos bastidores do Congresso. Ela esteve ontem pela manhã com o ministro da transição, Onyx Lorenzoni, e não participou da reunião que sacramentou sua indicação. A deputada só se encontrará com Bolsonaro hoje.