O globo, n. 31139, 08/11/2018. País, p. 7

 

Bolsonaro confirma general Heleno para o GSI

Eduardo Bresciani

Aguirre Talento

Mateus Coutinho

08/11/2018

 

 

Presidente eleito havia escalado seu principal conselheiro militar para o comando da Defesa, mas preferiu transferi-lo ao Palácio do Planalto; no Gabinete de Segurança Institucional, estará à frente da inteligência

Depois de meses apresentando o general da reserva Augusto Heleno como futuro ministro da Defesa, o presidente eleito Jair Bolsonaro confirmou ontem que o destino dele será outro: o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). Ao mudar a posição de Heleno na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro entrega o comando da inteligência do governo a seu conselheiro de primeira hora e ainda mantém o general ao seu lado no Palácio do Planalto. A mudança de posto também foi confirmada por Heleno, que acompanhou praticamente toda a agenda do presidente eleito desde que ele chegou a Brasília anteontem.

— Ele disse ontem (anteontem) que gostaria que eu ficasse mais próximo dele. Lógico que a pasta da Defesa fica próxima, mas, no GSI, se ele gritar, eu chego. Na Defesa, eu posso estar viajando. No GSI, ele vai saber meus passos o tempo todo —disse o futuro ministro.

A principal função do GSI é cuidar da segurança do presidente da República. Mas o órgão tem outras atribuições importantes, como coordenar as atividades de inteligência federal, especialmente a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão que sucedeu o Serviço Nacional de Informações (SNI) da ditadura militar. A pasta é responsável por passar um pente-fino em todas as nomeações e prevenir a ocorrência de ameaças à estabilidade institucional, além de gerenciar crises nesses casos.

Referência

Heleno foi um dos primeiros generais a embarcar no projeto de Bolsonaro e é um das referências do presidente eleito. Foi dele, por exemplo, que veio a ideia de ter uma regra mais clara para a atuação das forças de segurança em conflitos com criminosos. Heleno chefiou as tropas brasileiras no Haiti e havia lá uma regra que permitia alvejar alvos que estivesse fortemente armados, algo que o presidente eleito já defendeu em diversas oportunidades.

O general que vai ocupar o GSI só não foi vice na chapa de Bolsonaro devido a uma trapalhada da campanha. O presidente eleito pediu a Heleno que se filiasse a um partido para que ocupasse a vaga, caso o senador Magno Malta (PR-ES) não ficasse com o posto. Mas como, em Brasília, havia uma disputa pelo comando do diretório regional do PSL, Heleno foi orientado pelo próprio Bolsonaro a ingressar no nanico PRP. Quando a aliança com o PR de Malta foi descartada, o presidente eleito chegou a anunciar Heleno como vice. O diretório nacional do PRP, porém, vetou a aliança com o argumento de que tinha diversos acordos regionais com o PT, especialmente na Bahia. A vaga de vice acabou ficando com o general da reserva Hamilton Mourão.

Ontem, Mourão afirmou que o presidente eleito pensa em indicar um militar da Marinha para a Defesa como forma de prestigiar as outras forças:

— Ele (Bolsonaro) está escolhendo um outro oficialgeneral. Ele está pensando em alguém da Marinha, para ter um equilíbrio.

Bolsonaro não confirmou a informação do vice, limitando-se a dizer que pretende escolher um oficial quatro estrelas, grau máximo da hierarquia, para ocupar a pasta, sem dizer de qual das Forças viria o novo titular.