O globo, n. 31138, 07/11/2018. Economia, p. 23

 

Ministério do Trabalho teme a própria extinção

Geralda Doca

07/11/2018

 

 

Auxiliares da equipe do presidente eleito avaliam que pasta perdeu relevância. Uma das ideias em discussão é transformá-la numa secretaria ligada à Presidência. Neste caso, o FGTS poderia migrar para o superministério da Economia

Temendo mudanças na estrutura do Ministério do Trabalho (MTE) — que poderia ser extinto ou unido a outro órgão no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro —técnicos da pasta e centrais sindicais decidiram reagir. Integrantes do MTE já procuraram a equipe de transição para dizer que a medida é prejudicial.

Além disso, a assessoria de imprensa do ministério divulgou nota lembrando que ele completará 88 anos no próximo dia 26 e foi criado para equilibrar as relações entre empregadores e trabalhadores. A nota afirma que o MTE se mantém “desde sempre como a casa materna dos maiores anseios da classe trabalhadora e do empresariado moderno”.

A atual equipe econômica pretende entregar ao governo de transição um estudo sobre os desafios da pasta, sobretudo do ponto de vista de formação profissional.

Auxiliares da equipe do presidente eleito, contudo, avaliam que o Ministério do Trabalho perdeu relevância e, hoje, tem como papel principal divulgar o resultado da criação de vagas com carteira assinada, com os dados do Caged. Além disso, a pasta serviria como cabide de emprego e foco de corrupção, conforme revelou a Operação Registro Espúrio, da Polícia Federal. As investigações mostraram que registros sindicais foram concedidos em troca de pagamento de propina para políticos.

Assessores do ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni, defendem a transformação da pasta em uma secretaria ligada à Presidência da República. Os dois fundos geridos pelo MTE, o FGTS e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), poderiam migrar para o superministério da Economia. Outras questões, como representação sindical e o trabalho da fiscalização seriam transferidos para a nova secretaria. Ainda não há definição sobre o tema.

Em nota, a Força Sindical criticou a ideia de acabar com a pasta e diz que ela tem papel relevante na retomada do crescimento da economia.

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Maria Silvia vê potencial de R$ 30 bi em IPOs na Bolsa

Marcello Corrêa

07/11/2018

 

 

A economista Maria Silvia Bastos Marques, presidente do banco Goldman Sachs no Brasil e ex-presidente do BNDES, está otimista com o governo eleito e espera ver o apetite de investidores no país aumentar. Ela estima que o potencial de emissões de novas ações (IPOs, na sigla em inglês) chegue a R$ 30 bilhões, sem especificar um prazo definido. O cenário internacional e a perspectiva de agenda de reformas são pontos favoráveis.

A avaliação foi feita após almoço promovido pela Endeavor e pela consultoria EY no Rio, em que Maria Silvia falou a uma plateia de empresários. A conta leva em consideração o potencial de investimentos, mas não prevê que todas as emissões seriam feitas nos próximos anos.

—O mais importante para o Brasil hoje é o timing. O sucesso do novo governo é a economia voltar a crescer. O Brasil é o país que os investidores veem como oportunidade — afirmou, depois de relatar a experiência que teve em reuniões com investidores internacionais, após assumir o cargo no banco, no início deste ano.

Perguntada sobre incertezas em relação aos planos do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para a economia, como os de reforma da Previdência e tributária, Maria Silvia minimizou o efeito disso sobre as perspectivas para a economia.

—É algo natural para o início de governo —afirmou.

A economista chegou a ser cotada para participar da equipe econômica, mas não comentou o assunto.