Título: Desemprego recorde no Euro
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 03/07/2012, economia, p. 12

Em maio, 17,5 milhões de pessoas, 11,1% da população ativa, estavam sem trabalho nos 17 países que integram a união monetária SÍLVIO RIBAS

A taxa de desemprego na Zona do Euro atingiu novo recorde em maio, quando alcançou 11,1% da população ativa, contra 11% em abril, informou ontem a Eurostat. Segundo a agência de estatísticas, 17,56 milhões de pessoas estavam desempregadas nos 17 países da moeda comum em maio, 88 mil a mais do que em abril. Foi o 13º mês seguido em que o desemprego da região superou a marca de dois dígitos. No conjunto dos 27 países da União Europeia (UE), a taxa de desemprego em maio foi de 10,3%, também um recorde, contra 10,2% no mês anterior. Em relação a maio de 2011, o total de desempregados em todo o bloco econômico aumentou em 1,82 milhão.

A Espanha apresentou a pior situação, com desemprego de 24,6% em maio, índice que chega a 52,1% no caso dos jovens de até 25 anos. Em seguida vem a Grécia, com 21,9% de desempregados. Um dos motivos para a piora do indicador espanhol está na retração da atividade industrial, que teve em junho a maior queda em mais de três anos. A atividade industrial alemã também apresentou a maior retração em três anos, indicando que a locomotiva europeia também está em desaceleração.

Membros da diplomacia da UE em Brasília avaliaram ontem que o encontro de cúpula do bloco, na sexta-feira passada, já trouxe resultados positivos e revelou maior coesão dos países membros. Para eles, o agravamento da crise serviu para convencer os governos nacionais a adotarem medidas de sacrifício fiscal e reformas estruturais, como as das áreas trabalhista e previdenciária, que foram adiadas por mais de uma década.

Além disso, representantes de seis países da Zona do Euro acreditam que as medidas anunciadas na reunião poderão reduzir os juros extremamente altos que vêm sendo cobrados na rolagem dos títulos públicos, devido à "irracionalidade" do mercado financeiro. "O euro é irreversível. Ele surgiu de vontade política coletiva e da mesma forma sairá de sua gravíssima crise", resumiu um diplomata.

Os países da UE já haviam aprovado a recapitalização direta dos bancos espanhóis em troca de duro controle sobre o setor financeiro. No encontro da semana passada, os líderes também concordaram em lançar um pacote de 120 bilhões de euros com o objetivo de estimular o crescimento, com investimentos voltados para a infraestrutura, a inovação e o empreendedorismo. Eles também sinalizaram que os recursos dos fundos de resgate da Zona do Euro poderão ser usados para comprar bônus soberanos, o que já beneficiou Espanha e Itália.

Suspense No entanto, o aparente consenso da cúpula da UE foi abalado pela Finlândia, que promete barrar o uso do Mecanismo Europeu de Estabilidade na compra direta de dívidas soberanas de países em dificuldades. Ontem, o primeiro-ministro finlandês, Jyrki Katainen, informou que "será preciso unanimidade" para decidir sobre tais compras, o que não será possível devido à oposição da Holanda e de seu país.

» Banqueiro renuncia

Um escândalo sobre a manipulação das taxas interbancárias Libor e Euribor — que definem o preço do dinheiro trocado entre as instituições financeiras e influenciam o custo dos empréstimos em geral — levou o presidente do banco britânico Barclays, Marcus Agius, a renunciar ao cargo, ontem. Na quarta-feira passada, o Barclays anunciou que pagaria 290 milhões de libras (US$ 450 milhões) para encerrar as investigações das autoridades britânicas e norte-americanas sobre o caso, prometendo, ainda, fazer uma auditoria rigorosa sobre o episódio. Outros bancos também estão sendo investigados.