Título: Apuração em ritmo lento
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 11/07/2012, Política, p. 3

No mesmo dia em que o pedido de cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) será julgado no Senado, o destino de quatro deputados que tiveram seus nomes envolvidos com o escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira também será traçado na Câmara. Após três meses de análise, a comissão de sindicância da Corregedoria da Casa apresentará o relatório final sobre os casos de Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO). Também hoje, o Conselho de Ética votará o relatório sobre Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). A única provável investigação que deve seguir, porém, é a de Leréia, considerado o parlamentar mais envolvido com a rede criminosa de Cachoeira, depois de Demóstenes.

O caso de Protógenes deverá ter seu capítulo final na reunião de hoje. O relatório preliminar de Amauri Teixeira (PT-BA), que pedia a investigação do deputado comunista, já foi rechaçado publicamente por quase todos os integrantes do conselho. A expectativa é de que somente os integrantes do PSDB, autor da representação contra Protógenes, votem a favor do texto, o que encerrará o caso. "O grande problema do conselho é a necessidade dessa etapa preliminar, que já arquivou outros casos que mereciam, no mínimo, uma averiguação mais profunda", critica Teixeira. "Se isso não for mudado, vamos ficar com a fama de engavetadores."

Já os relatores dos demais casos na comissão de sindicância tiveram mais tempo e autonomia para investigá-los, inclusive tendo acesso irrestrito aos dados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Além da análise, os acusados já se defenderam por escrito e verbalmente. "Não tenho nada a reclamar do processo, tenho a certeza de que a decisão será muito bem tomada pelos integrantes da comissão de sindicância", comentou Sandes Júnior, confiante de que seu caso não seguirá para o conselho. Mas tanto zelo acabou adiando muito o fim do problema. Após ser votado, o relatório final ainda vai para a Mesa Diretora, que decide se o encaminha ao Conselho de Ética. O conselho, por sua vez, só deve se reunir novamente depois do período eleitoral.

Depois do recesso Apesar de estar mais complicado que os demais, Leréia terá outros pontos a seu favor que o permitirão sentir o alívio de Sandes Junior e Rubens Otoni. O relator de seu caso, Jerônimo Goergen (PP-RS), já deu sinais de que os indícios contra o deputado tucano são mais do que suficientes para a abertura de um processo por quebra de decoro. O parecer pedindo a investigação, porém, chega às vésperas do recesso parlamentar e, antes de ir ao conselho, precisa passar pela mesa, que não tem data para se reunir.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), não descarta a possibilidade de o texto ser analisado até a próxima semana, mas aponta que o caso deve mesmo ficar para depois das eleições. "A CPI ainda deve dar contribuições a esses casos e ela nem se debruçou sobre eles", afirmou. "Diz a prudência que calma e canja de galinha não fazem mal a ninguém".

"O grande problema do conselho é a necessidade dessa etapa preliminar, que já arquivou outros casos que mereciam, no mínimo, uma averiguação mais profunda"

Amauri Teixeira (PT-BA), deputado federal