O Estado de São Paulo, n. 45711, 12/12/2018. Economia, p. B3

 

Marinho quer reforma no 1º semestre

Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes

12/12/2018

 

 

Confirmado ontem por Guedes como futuro secretário especial da Previdência, deputado tucano diz que vai atuar ‘contra privilégios’

Currículo. Rogério Marinho foi relator da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados

Oficializado como futuro titular da Secretaria Especial da Previdência, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) afirmou ontem que vai trabalhar com sua equipe para aprovar uma reforma nas regras de aposentadoria e pensão no País ainda no primeiro semestre de 2019. A medida é considerada essencial para a sustentabilidade das contas e será uma prova de fogo para o governo de Jair Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato.

Em nota, Marinho disse ainda que atuará “contra os privilégios”, termo geralmente associado às normas previdenciárias mais benevolentes para servidores públicos.

O deputado foi convidado para o cargo pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, após sua experiência como relator da reforma trabalhista na Câmara. A avaliação é de que o atual deputado, que não se reelegeu, tem experiência para ajudar nas negociações com o Congresso para aprovar a reforma da Previdência, considerada impopular.

A intenção inicial de Guedes era manter a estrutura sob o guarda-chuva da Secretaria de Arrecadação, que será ocupada pelo economista Marcos Cintra. Mas o futuro ministro foi aconselhado a separar a Previdência para dar uma sinalização da importância da reforma e também para não sobrecarregar Cintra, que terá outra importante proposta legislativa para levar adiante, que é a reforma tributária.

A Secretaria Especial da Previdência terá o mesmo status das outras seis Secretarias Gerais já anunciadas por Guedes nos últimos dias. Marinho terá como secretário adjunto o consultor da Câmara Leonardo Rolim, especialista em Previdência e que ajudou a elaborar a proposta de reforma coordenada pelo expresidente do Banco Central Armínio Fraga e pelo economista Paulo Tafner. A proposta prevê uma emenda constitucional para instituir idades mínimas de aposentadoria e um futuro regime de capitalização (pelo qual o segurado contribui para uma conta individual), mas delega boa parte das regras a leis infraconstitucionais, mais fáceis de serem aprovadas no plenário.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o desenho da proposta de reforma da Previdência que será levado ao Congresso ainda está em aberto e há, dentro da equipe de transição, divergências sobre usar ou não o texto já em tramitação para aprovar ao menos a fixação de uma idade mínima. A proposta apresentada pelo presidente Michel Temer prevê idades de aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens ao fim de um período de duas décadas de transição. Aproveitar esse texto pouparia tempo ao novo governo na tramitação.

 

Estrutura. Apesar de ter oficializado todos os nomes para as secretarias que formarão o segundo escalão do superministério da Economia e também para as presidências dos maiores bancos públicos, o desenho final de todo o organograma da pasta ainda está sendo fechado pela equipe de transição.

Há ainda problemas no terceiro escalão a serem enfrentados por Guedes. Servidores de estruturas importantes, com poder sobre a arrecadação federal, estão insatisfeitos com as possíveis indicações para comandar os órgãos. Esse é o caso de Receita Federal e Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) .

 

Nota

“Chegamos para trabalhar em equipe e aprovar uma reforma ainda no primeiro semestre de 2019”

Rogério Marinho

DEPUTADO (PSDB-RN) E FUTURO SECRETÁRIO ESPECIAL DA PREVIDÊNCIA

 

O TIME DE PAULO GUEDES

Secretário executivo

Marcelo Guaranys. Será responsável por tocar a máquina do ministério. Foi diretor-presidente e diretor de Regulação Econômica da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e assessor especial para infraestrutura na Casa Civil

 

 

Secretário-geral da Fazenda

Waldery Rodrigues Júnior. Engenheiro pelo ITA, mestre e doutor em Economia pela University of Michigan e UnB. Tem larga experiência no setor público

 

Secretário-geral de Arrecadação

Marcos Cintra. Vai comandar a reforma tributária – peça-chave do Plano Guedes. Foi vereador e deputado federal, autor da proposta do imposto único

 

Secretário-geral de Produtividade e Emprego

Carlos da Costa. Foi diretor de Planejamento, Crédito e Tecnologia do BNDES e sócio-diretor do Ibmec Educacional. Vai comandar o Plano Nacional de Qualificação de Capital Humano

 

Secretário-geral de Desburocratização, Gestão e Governo Digital

Paulo Uebel. Foi secretário de Gestão da Prefeitura de SP e diretor do Instituto Millenium, fundado por Paulo Guedes

 

Secretário-geral de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais

Marcos Troyjo. Diplomata e membro do Instituto Millenium. Vai coordenar o processo de abertura comercial do País

 

Secretário-geral de Desestatização e Mobilização

Salim Mattar. Vai comandar o processo de venda das empresas estatais. Empresário e dono da Localiza