Correio braziliense, n. 20240, 20/10/2018. Política, p. 2

 

Aplicativo afirma cuidado com o pleito

20/10/2018

 

 

WhatsApp diz colaborar com autoridades para dirimir suspeitas em relação ao envio de mensagens em massa. Segundo a empresa, "centenas de milhares" de contas que agiam contra as diretrizes foram canceladas durante o período de eleições

 

O WhatsApp notificou extrajudicialmente quatro empresas suspeitas de fazerem envio massivo irregular de mensagens durante o período eleitoral. O aplicativo recomendou que elas parem o envio e de usar números de celulares obtidos pela internet. Há a suspeita de que as agências venderam bases de usuários fornecidas por terceiros, de origem desconhecida, o que é ilegal. “Estamos tomando medidas legais para impedir que empresas façam envio maciço de mensagens no WhatsApp e já banimos as contas associadas a estas empresas”, informou, em nota, o aplicativo.


No comunicado, a assessoria da empresa informou que foram canceladas também “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”. “Temos tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar spam ou desinformação”, acrescentou a nota. O aplicativo decidiu agir de forma proativa, mas já observa alguns pontos mesmo antes da campanha eleitoral, principalmente com o uso da inteligência artificial.

Uma das ações é a sinalização das mensagens que são encaminhadas, com o objetivo de mostrar ao leitor que o texto não foi escrito originalmente por quem remeteu. Os administradores dos grupos também têm mais poder e uma pessoa que saiu ou acabou removida muitas vezes é impedida de entrar novamente. Segundo o WhatsApp, a colaboração com as autoridades também é essencial, desde que não haja vazamento do conteúdo, protegido por criptografia. “No entanto, a informação limitada que podemos conceder ajudou a prevenir e solucionar crimes”, afirma a nota da empresa. “Estamos comprometidos em reforçar as políticas do WhatsApp igualmente e de forma justa para proteger a experiência do usuário”, disse a empresa.

A preocupação com as mensagens enviadas por meio eletrônico fez com que parcerias se realizassem. Representantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Centro de Defesa Cibernética do Ministério da Defesa se reuniram para discutir iniciativas para coibir a propagação de notícias falsas em período eleitoral. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Fabricio Benevuto apresentou os sistemas de monitoramento desenvolvidos pelo grupo Eleições sem Fake, do qual é coordenador, para combater a disseminação de notícias falsas.

Ele afirmou que os sistemas desenvolvidos pelo grupo “são inovadores, e ajudam a entender o fenômeno de desinformação que está ocorrendo no momento eleitoral”. O secretário-geral da Presidência do TSE, Estêvão Waterloo, afirmou que a Corte estuda firmar uma parceria com a universidade já para o segundo turno das eleições, e também para pleitos futuros.

Flávio e Dilma

Uma das situações envolvendo o WhatsApp e as eleições ontem veio com o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). No início do dia, ele afirmou que a conta pessoal dele no aplicativo havia sido bloqueada, mas explicou o caso mais tarde. O parlamentar negou ainda relação com as empresas responsáveis por disparos de mensagens em massa. “Meu telefone, cujo WhatsApp foi bloqueado, é pessoal e nada tem a ver com uso por empresas. O próprio WhatsApp informou que o bloqueio foi há dias, antes da ‘Fake News da Foice de SP’. Agora já foi desbloqueado, mas ainda sem explicação clara sobre o porquê da censura”, escreveu o senador eleito, na conta pessoal do Twitter dele.

Procurado, o WhatsApp confirmou que a conta de Flávio foi banida por comportamento de spam, mas afirmou que isso ocorreu há alguns dias. “Não está relacionado às denúncias de ontem”, adiantou a empresa, se referindo à matéria da Folha de S. Paulo sobre a candidatura de Jair Bolsonaro (Leia mais na matéria abaixo). Outra conta “pública” que foi banida por spam durante o período eleitoral foi o “Dilmazap”, da campanha da ex-presidente, informou a empresa, em nota.

Movimentações o Facebook

No Facebook, rede social mais usada no Brasil, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV) destacou a confirmação da tendência de aproximação entre os volumes de interação dos presidenciáveis Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, verificada na última semana. Entre 11 e 17 de outubro, “na página do candidato do PSL, o engajamento registra queda de 34%, chegando a 8,78 milhões de comentários, compartilhamentos e reações. Em movimento contrário, Haddad teve engajamento 20% superior, com um total de 5,65 milhões de interações”.