Título: Encontro para acertar o passo entre PT e PSB
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 10/07/2012, Política, p. 6
Dilma Rousseff recebe os governadores Eduardo Campos e Cid Gomes e escuta que as divisões em Fortaleza e Recife são pontuais. Partidos seguem aliados preferenciais
Convocado para um jantar no Palácio da Alvorada, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, veio a Brasília apagar o incêndio proporcionado pela quebra da aliança com o PT em Belo Horizonte, Fortaleza e Recife. Nesses locais, a aliança era dada como certa, mas os dois partidos romperam e estão em lados opostos na disputa. Ao lado do governador do Ceará, Cid Gomes, Campos também reafirmou a parceria do partido com o governo Dilma Rousseff e com os petistas. Segundo ele, as rupturas foram pontuais e o PSB segue sendo aliado nas outras cidades.
O jantar foi marcado pela presidente Dilma. A atitude foi vista por Campos como uma sinalização de que a presidente se manterá afastada da campanha nas cidades onde há uma tensão entre as duas legendas, e que continua contando com o apoio do partido no governo.
Na saída do encontro, Campos criticou partidos da base aliada, em recado velado ao PMDB, que estariam fabricando uma crise entre PT e PSB. "Se tem alguém querendo vender à presidente Dilma um inimigo oculto. Criar e fabricar um inimigo em troca de querer oferecer um apoio fisiológico atrasado, tenho certeza de que a presidente Dilma não vai contar com isso. Tenho certeza que ela confia mais no PSB do que em outros aliados, que ficam vendendo o PSB como inimigo.
A presidente Dilma Rousseff tem se empenhado pessoalmente na resolução da crise entre os dois partidos. Esteve em Recife e em Fortaleza, inaugurando obras do governo federal e conversando com interlocutores para dar uma solução ao impasse, mas os gestos não foram suficientes. Embora trabalhe com vistas à eleição municipal de outubro, o principal ponto de preocupação da presidente reside no pleito de 2014.
O maior temor é de que o PSB se aproxime de legendas de oposição, especialmente o PSDB, o que colocaria os petistas ainda mais reféns da aliança com o PMDB. Na avaliação de interlocutores da presidente, somente depois do resultado de outubro é que será possível medir o poder de barganha da legenda.
Para o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, o jantar mostra que não houve ruptura e que há um entendimento entre as duas legendas. "Nós estamos apoiando o PT em seis capitais e eles só nos apoiam em uma. E começamos a demonstrar nosso apoio por São Paulo, que sozinha vale por todas as outras juntas", disse, ressaltando a posição de lealdade do PSB com o partido de Dilma.
Ruptura
Em São Paulo, o cenário já não é o mesmo. Depois da aliança costurada com o PP do deputado federal Paulo Maluf e da foto em que ele aparece ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a escolhida para a vice de Fernando Haddad, Luiza Erundina, deixou a chapa e o PT acabou escolhendo Nádia Campeão, do PCdoB.
Mas a crise começou mesmo em Recife, onde o PT não conseguiu se entender em torno de um nome que conseguisse unificar a Frente Popular, coligação que reúne 14 partidos. Depois de anular as prévias e de ter sofrido intervenção da Executiva Nacional, os petistas lançaram o senador Humberto Costa, o que não agradou Campos. O PSB saiu com candidatura própria e lançou o secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Geraldo Júlio. Em Fortaleza, a atual prefeita, Luizianne Lins (PT), apoia o ex-secretário do governo Elmano Freitas. Já o governador Cid Gomes lançou Roberto Cláudio (PSB).
Tenho certeza que ela (Dilma Rousseff) confia mais no PSB que em outros aliados, que ficam vendendo o PSB como inimigo"
Eduardo Campos, presidente do PSB