O Estado de São Paulo, n. 45720, 21/12/2018. Política, p. A8

 

Polícia Federal cumpre mandados na casa da mãe de Aécio

Fabio Serapião

21/12/2018

 

 

Segunda fase de operação inclui ação em imóvel de Inês Maria Neves da Cunha; deputado pede que PSDB expulse senador

A segunda fase da Operação Ross, que mira no senador Aécio Neves (PSDB-MG), foi deflagrada ontem, a pedido da procuradora-geral, Raquel Dodge, com base em representação da Polícia Federal “a partir da descoberta de novos indícios de práticas criminosas”. Em manifestação ao STF, Raquel defendeu “a necessidade das buscas” em três endereços ligados ao tucano, inclusive no apartamento residencial da mãe dele, Inês Maria Neves da Cunha, em Belo Horizonte, e de um primo, Frederico Pacheco.

A procuradora alertou sobre “riscos de eliminação de elementos de informação e que a medida é imprescindível para o aprofundamento da investigação, bem como para a correta delimitação da amplitude das pessoas investigadas”. As medidas foram determinadas pelo relator do inquérito no Supremo, ministro Marco Aurélio Mello.

A Operação Ross investiga suposta propina do Grupo J&F paga a Aécio, entre 2007 e 2014. A primeira fase foi deflagrada no dia 11 e fez buscas em endereços do próprio senador, da irmã dele, Andréa Neves, e do deputado federal Paulinho da Força (SDSP). A Ross é um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017. Os valores investigados, que teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político, ultrapassam R$ 100 milhões.

A defesa do tucano nega irregularidades. “Reiteramos, como já feito em diversas oportunidades, que o senador Aécio sempre esteve à disposição de todas as autoridades, sendo ele o maior interessado na elucidação dos fatos”, diz texto assinado pelo advogado Alberto Zacharias Toron.

Representação. Ontem, o deputado Wherles Fernandes da Rocha (PSDB-AC) protocolou representação na Executiva Nacional do partido pedindo a expulsão de Aécio, sob alegação de quebra de decoro parlamentar.