O Estado de São Paulo, n. 45713, 14/12/2018. Política, p. A6
75% veem Bolsonaro no caminho certo
Julia Lindner
14/12/2018
Segundo Ibope, apoio é maior entre famílias de melhor renda; pesquisa foi feita antes de revelações sobre ex-assessor de filho do presidente eleito
Três em cada quatro brasileiros acreditam que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), está no caminho certo. É o que revela a primeira pesquisa CNI/Ibope após a eleição, divulgada ontem. Dos entrevistados, 75% disseram concordar com as decisões até agora tomadas pelo presidente eleito e sua equipe de transição. Outros 14% avaliaram que Bolsonaro está no caminho errado e 11% não souberam ou não quiseram responder à pesquisa.
Quanto maior a renda familiar, maior o porcentual dos que acreditam que o presidente eleito está no caminho certo. Entre os que possuem renda familiar de até um salário mínimo (R$ 954,00), 70% fazem parte deste grupo. O porcentual aumenta proporcionalmente conforme a renda familiar e chega a 82% entre aqueles cujos ganhos são superiores a cinco salários mínimos (R$ 4.770,00).
A pesquisa também mostra otimismo em relação ao próximo ano. Cerca de dois a cada três brasileiros (64%) têm expectativa de que o governo Bolsonaro será ótimo ou bom. Outros 14% acham que será ruim ou péssimo, 18% avaliam que será regular e 4% não souberam ou não quiseram responder.
A pesquisa foi realizada pelo Ibope entre os dia 29 de novembro e 2 de dezembro, antes de o Estado revelar relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que mostra movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente eleito. Entre as transferências identificadas pelo órgão está um cheque destinado a Michelle Bolsonaro, mulher de Bolsonaro.
Escolhas. O Ibope também questionou os entrevistados sobre a montagem do novo governo. O porcentual dos que consideram as indicações “adequadas” ou “muito adequadas” aumenta quanto maior é o grau de conhecimento declarado sobre os nomes escolhidos para o primeiro escalão do novo governo.
Dos que disseram estar muito informados sobre o assunto, 77% aprovam as indicações – consideram “adequadas” ou “muito adequadas”.
Para os entrevistados pelo Ibope, a prioridade do futuro governo deve ser melhorar serviços de saúde e promover a geração de empregos. Os dois temas se destacam entre os principais problemas enfrentados pelo Brasil, de acordo com a pesquisa. Quando questionados sobre quais propostas apresentadas por Bolsonaro e sua equipe, a mais lembrada é a reforma da Previdência, citada por 12% dos entrevistados.
Foram 2.000 pessoas ouvidas em 127 municípios. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou menos. O nível de confiança é de 95%.
Governo Temer. A pesquisa Ibope divulgada ontem também avaliou o governo do presidente Michel Temer. O emedebista encerrará o mandato avaliado como “ruim” ou “péssimo” por 74% dos entrevistados – o porcentual em setembro era de 82%. Neste mês, 18% avaliaram o governo como “regular”, um aumento de 6 pontos porcentuais em relação a última pesquisa.
A comparação histórica do Ibope com os demais presidentes desde José Sarney (19851989) mostra que Temer teve a maior quantidade de avaliações como “ruim” ou “péssimo” no fim do governo. A avaliação sobre a maneira de governar não era feita com periodicidade até o governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).
Dos que avaliam o atual governo como “ótimo” ou “bom” oscilou de 4% a 5% entre setembro e dezembro, dentro da margem porcentual de dois pontos para mais ou para menos.