Título: Alunos solidários
Autor: Filizola, Paula; Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 12/07/2012, Cidades, p. 28
Os estudantes da Universidade de Brasília estão há 53 dias sem aulas e sem a prestação de serviços importantes, como a abertura da Biblioteca Central e a manutenção dos laboratórios. A greve de professores e servidores atinge diretamente o cumprimento do calendário de aulas previsto no início do semestre letivo e não há previsão para as reposições. Os alunos dividem opiniões, mas todos são unânimes ao aprovar a decisão da reitoria em não aceitar o corte de ponto, pedido pelo Ministério do Planejamento.
A estudante de agronomia, Juliana Lopes Lima, 22 anos, está no oitavo semestre e é contra o movimento. Ela ressalta que a paralisação desregula toda a programação de quem vive em função da universidade. "Em países sérios, uma atitude mais rápida já teria sido tomada. A educação não pode parar. Isso implica em consequências gravíssimas para os estudantes e para o futuro", afirmou. Porém, ela é contra o corte de ponto. "As pessoas têm que protestar e exigir uma resposta, não tomar atitudes como essa", completou.
Já Luiza Chaer, aluna do sétimo semestre de antropologia, considera a greve legítima e diz não conhecer outro instrumento de pressão. "É um absurdo eles não terem um plano de carreira aprovado. Se nos empenharmos, dá para recuperar bem o conteúdo", afirmou. Porém, ela concorda com a outra aluna no sentido do prejuízo gerado pelo fechamento da Biblioteca.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) analisa uma alternativa para manter pelo menos os serviços básicos. "A paralisação é legal e os pontos não devem ser cortados. Porém, estamos somando esforços para buscar um meio-termo", disse. Entre as propostas, estão a retomada dos serviços do Hospital Universitário de Brasília e a reabertura total do Restaurante Universitário, que, desde o início da greve, só serve refeições no horário de almoço.