O Estado de São Paulo, n. 45718, 19/12/2018. Política, p. A8
Bolsonaros reagem a críticas em diplomação
19/12/2018
Senador e deputado eleitos sugerem que caso Coaf tem por objetivo atingir o pai
O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro e seu irmão, o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro, ambos do PSL-RJ, precisaram responder ontem a questionamentos sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentação financeira suspeita de um ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa fluminense.
No Rio, Flávio afirmou “não ter a menor dúvida” de que as suspeitas levantadas contra seu ex-auxiliar Fabrício José Carlos de Queiroz teriam como objetivo atingi-lo e a seu pai, o presidente eleito, Jair Bolsonaro. Em São Paulo, Eduardo apontou o que chamou de exagero nas críticas, mas reconheceu que o caso provoca desgaste.
Ambos deram entrevista nas cerimônias de diplomação, pela Justiça Eleitoral, dos eleitos para novos mandatos.
“Muitas coisas estão mal explicadas nesse processo todo. Por que só o sigilo bancário dele (Queiroz) veio a público?”, questionou Flávio. “Tem um monte de gente lá nessa situação também, similar. Será que é só para me atingir? Será que é só para atingir o presidente eleito, para causar uma desestabilização já no início do mandato dele?”
O Estado revelou que um relatório do Coaf detectou que Queiroz, que foi assessor de Flávio por mais de dez anos, movimentou de 1.º de janeiro de 2016 a 31 de janeiro de 2017 mais de R$ 1,2 milhão. A movimentação foi considerada incompatível com a renda do funcionário, que ganhava R$ 23 mil mensais. Queiroz prestará depoimento hoje ao Ministério Público Estadual.
“Eu não tenho que dar mais explicações sobre isso. Quem tem de falar é meu ex-assessor. A movimentação atípica foi na conta dele, não foi na minha. Eu não tenho a senha do cara para saber o que houve”, disse Flávio. “Especula-se que ele (Queiroz) tomava dinheiro dos outros, (mas) ninguém sabe, ele tem de falar.”
‘Desgaste’. Em São Paulo, Eduardo afirmou que o episódio “traz desgaste”, mas disse acreditar que existe “um certo exagero nessa parte”. Segundo ele, um parlamentar não tem controle sobre todos os atos de seus assessores. “Não tem como controlar a conta dos meus assessores, quiçá dos assessores do meu irmão.” Jair Bolsonaro, que estava no Rio de Janeiro, desistiu de ir à cerimônia de diplomação de Flávio, e visitou o Hospital Central do Exército (HCE).
Ex-Assessor
“Especula-se que ele (Queiroz) tomava dinheiro dos outros, (mas) ninguém sabe, ele tem que falar”.
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), SENADOR ELEITO