O globo, n. 31190, 29/12/2018. País, p. 8

 

PT e PSOL decidem boicotar posse de Bolsonaro

Adriana Mendes

29/12/2018

 

 

Embora ressaltem que resultado das urnas deve ser respeitado, petistas dizem, em nota, que não darão aval a um governo ‘autoritário, antipopular e antipatriótico’; partido de Boulos diz que não há motivo para comemorar

O PT disse que respeita o resultado das urnas, mas não comparecerá à posse de Bolsonaro por não “compactuar com o ódio”. Para o PSOL, não há o que comemorar. OPT e o PSOL anunciaram ontem que suas bancadas no Congresso não comparecerão à posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Em nota, o PT disse que faltou “lisura no processo eleitoral”, criticou a impugnação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que houve “manipulação criminosa” das redes sociais para difusão de notícias falsas contra seu candidato, Fernando Haddad. “Não compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional”, diz a nota . No texto, o PT destaca que o “resultado das urnas deve ser respeitado” e que sempre reconheceu “a legitimidade das instituições democráticas”. No entanto, diz que protesta contra supostas ameaças do futuro governo à ordem democrática e ao estado de direito no país. “O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios”, diz o texto. A nota cita também o “ódio” do presidente eleito contra o PT e Lula e diz que o partido vai resistir “aos setores que usam o aparato do Estado para criminalizar adversários políticos”.

Praxe

O texto é assinado pelo líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), pelo líder do PT no Senado, Lindbergh Farias( RJ ), e pela senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do partido. A Executiva Nacional do PSOL também divulgou uma nota informando que não participará da solenidade. O partido informa que, como de praxe, sua bancada na Câmara foi convidada pelo Tribunal Superior Eleitoral para a posse de Bolsonaro, na próxima terça-feira.

“A posse é um ato formal da Justiça Eleitoral, mas também é um momento de festa. Mas para o PSOL não há nada a comemorar”, diz o texto. O partido, que disputou a Presidência com Guilherme Boulos, diz que o governo eleito tem como princípios “o ódio, o preconceito, a intolerância e a violência”. Para o PSOL, Bolsonaro e seus ministros “desprezam os direitos humanos, a soberania nacional, a democracia e os direitos sociais”. Ainda de acordo com o PSOL, o presidente eleito e sua equipe defendem “a criminalização dos movimentos sociais”, “idolatram a natureza autoritária e criminosa da ditadura civil-militar”, “atacam a liberdade de imprensa e a liberdade de ensino”.