O Estado de São Paulo, n. 45756, 26/01/2019. Metrópole, p. A13

 

Cid Gomes articula bloco para conquistar maioria no Senado

Renan Truffi

26/01/2019

 

 

Com quatro partidos, grupo parlamentar foi lançado ontem; objetivo é aglutinar 12 legendas e 50 dos 81 senadores

Com discurso de “independência” em relação ao governo Jair Bolsonaro, o senador Cid Gomes (PDT) trabalha para formar um grupo de partidos no Senado, nos moldes do chamado Centrão na Câmara. Sua intenção é juntar 12 partidos e uma maioria de 50 dos 81 senadores em um único bloco, ainda antes da eleição interna, em 1.º de fevereiro.

O primeiro passo foi dado ontem, quando quatro partidos de centro-esquerda, PDT, PSB, PPS e Rede Sustentabilidade, fecharam acordo para atuar como um bloco único, denominado “Senado Independente”.

À frente desse grupo, o irmão de Ciro Gomes, derrotado no primeiro turno da disputa presidencial de outubro, tem se aproximado de lideranças de outras oito legendas: PP, PTB, PSC, PSDB, PSD, Podemos, PRB e DEM. Nas conversas, eles discutem a criação de uma agenda única tanto para a reestruturação interna do Senado como para a análise de pautas consideradas importantes para o País.

Entre os senadores com que Cid já conversou estão Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Alvaro Dias (Podemos-PR), que, segundo pessoas envolvidas nas negociações, se declararam simpáticos à ideia do blocão, embora ainda não tenham confirmado participação.

Questionado sobre a similaridade com o Centrão da Câmara, grupo que ficou conhecido pelo fisiologismo, Cid respondeu que não vê problema na comparação. “Se Centrão não é ser situação nem é ser oposição a qualquer custo...”, afirmou. “Definitivamente não há identidade ideológica entre esses partidos, mas há nas linhas de discussão e atuação.”

A ideia é tentar construir consenso para que algumas das mudanças sejam encaminhadas já na eleição do Senado. A principal delas visa a repartir os poderes da presidência da Casa com os outros ocupantes da Mesa: primeiro e segundo vice-presidentes, além de quatro secretários. “Conversei com um senador que reclamou não conseguir pautar um único projeto para votação”, afirmou Cid. “Todos os poderes ficam na mão da presidência.” O modelo a ser seguido seria a Câmara dos Deputados, na qual os outros ocupantes da Mesa tem atribuições específicas.

Caso haja um entendimento entre esses partidos, Cid não descarta também que o Centrão do Senado apresente ainda um candidato para a disputa da Presidência da Casa. Esse é um dos motivos pelo qual o senador cearense não tem tentando uma aproximação com o MDB de Renan Calheiros (AL) e Simone Tebet (MS).