O globo, n. 31183, 22/12/2018. País, p. 8

 

PF faz 32 operações, mas Battisti segue foragido

Mateus Coutinho

22/12/2018

 

 

Segundo diretor-geral da corporação, Rogério Galloro, investigadores têm recebido diversas denúncias sobre o possível paradeiro do italiano desde que simulações com imagens de possíveis disfarces foram divulgadas

A Polícia Federal fez, em uma semana, ao menos 32 operações para tentar localizar o ex-ativista italiano Cesare Battisti, foragido da Justiça desde o dia 13 deste mês, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux determinou sua prisão. As informações foram divulgadas ontem pelo diretor-geral da PF, Rogério Galloro. Segundo ele, a corporação tem recebido um volume grande de denúncias desde que divulgou, no último sábado, as imagens com as simulações de possíveis disfarces do italiano. As operações, de acordo com Galloro, aconteceram a partir das informações consideradas mais consistentes. —Acredito, sim, que ele (Battisti) vai ser encontrado. Não sei se no território brasileiro, mas ele será encontrado — afirmou o diretor-geral. Galloro destacou que já foram emitidos alertas para polícias internacionais e lembrou que a Polícia Federal já prendeu o ex-ativista três vezes no Brasil, mas ele sempre foi solto depois.

— No momento em que foi decretada a prisão, ele era um cidadão que não tinha nada pesando contra ele. A PF sequer podia fazer a vigilância. Agora todos os protocolos já foram acionados — disse o diretor-geral.

Itália agradece

As simulações com os possíveis disfarces de Battisti foram elaboradas por peritos da PF. No dia seguinte à decisão de Fux que determinou a prisão, o presidente Michel Temer publicou um decreto decidindo pela extradição do ex-ativista, um pleito antigo do governo italiano. O presidente da Itália, Sergio Mattarella, agradeceu a Temer pelo decreto de extradição de Battisti, condenado pelo assassinato de quatro pessoas no país europeu.

“O gesto de vossa excelência constitui o significativo testemunho da antiga e sólida amizade entre Brasil e Itália e revela a sensibilidade para com uma situação complexa e delicada, que suscita sentimentos de intensa participação na opinião pública do nosso país”, escreveu Mattarella. O tema também já havia sido debatido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, e o embaixador da Itália, Antonio Bernardino.

Defesa recorreu

Em Cananéia, cidade do litoral paulista onde Battisti vivia, os moradores contam que ele foi visto por ali pela última vez em 28 de outubro, dia do segundo turno da eleição presidencial. Segundo relatos, ele acompanhou a apuração em uma lanchonete do município. A defesa do ex-ativista recorreu da decisão de Fux, pedindo que ele reconsidere a determinação ou que leve o assunto para ser analisado no plenário da Corte. O Judiciário entrou em recesso e só voltará aos trabalhos em fevereiro.