Título: Ataques em Belo Horizonte
Autor: Cipriani , Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 06/07/2012, Política, p. 6

Belo Horizonte — A eleição em que petistas e tucanos voltam a ser adversários ferrenhos em Belo Horizonte promete ser de grandes embates. Já no dia de registrar as candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), os dois lados se cercaram de aliados e escalaram seus escudeiros para comandar o ataque. Do lado do prefeito Marcio Lacerda (PSB), coube ao senador Aécio Neves (PSDB) criticar a "incoerência" e a tentativa de "nacionalização" da campanha por parte dos adversários. O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias negou que haja interferência nacional na disputa e disse que tem, ao "contrário de outros", história com Belo Horizonte, cidade que já governou e onde mora há 40 anos. "Eu tenho uma relação afetiva profunda, amorosa e comprometida com essa cidade. Eu moro aqui há mais de 40 anos, já fui prefeito, vereador e relator da Lei Orgânica dessa cidade. A grande notícia dessa eleição é que o PT e o PMDB estão rigorosamente unidos em torno de um projeto democrático popular. Não há interferência", disse Patrus.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que acompanhou Patrus no registro, também negou qualquer tipo de interferência da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, não houve promessa de cargos no governo federal para atrair o PMDB e também PCdoB e PSD. "O que houve foi negociação política feita de maneira legítima." O presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes, tomou a frente dos ataques. Segundo ele, as áreas da prefeitura governadas pelo PSDB — saúde e trânsito — são as mais críticas em Belo Horizonte. "Onde o PT não ficou no governo Lacerda, não funcionou", afirmou.

Ele também justificou o rompimento, alegando que se o PSB não cumpriu a palavra em uma questão pequena como a coligação proporcional, não iria honrar a "repactuação programática", uma das condições do PT para a reedição da dobradinha com o PSB. Ele negou que haja nacionalização da campanha e atacou o que chamou de "vaidade do senador Aécio". "O senador quer trazer para Belo Horizonte o projeto derrotado dos tucanos por Lula e Dilma. Minas Gerais está quebrada. Não vamos deixar que os tucanos também quebrem Belo Horizonte", alfinetou.

Tropa de choque Aécio Neves tomou a frente da tropa de choque de Lacerda e, em coletiva para anunciar o apoio de 15 partidos, criticou o rompimento dos petistas, que em 2008 e na atual administração eram aliados do prefeito. O tucano acusou os petistas de tentarem usar o PSB na chapa proporcional como palanque para eleger seus vereadores. "Até sábado, 11h, as principais lideranças do PT diziam que o Marcio era a melhor alternativa. Só porque ele não aceitou o aniquilamento do seu partido para atender a mais um capricho do PT, ele deixou de ser melhor candidato?"

Nas últimas semanas, o PSDB defendeu que, se os petistas ficassem com a vaga de vice na chapa de Lacerda, não deveriam ficar com a coligação para a chapa de vereadores. Os tucanos, no entanto, não exigiram a vaga de vice, que ficou para o deputado estadual Délio Malheiros (PV).

"Tenho uma relação afetiva profunda, amorosa e comprometida com essa cidade. Eu moro aqui há mais de 40 anos, já fui prefeito, vereador e relator da Lei Orgânica dessa cidade" Patrus Ananias, candidato do PT à prefeitura de Belo Horizonte