O globo, n. 31182, 21/12/2018. País, p. 10

 

PF faz buscas em endereços ligados a Aécio

Eduardo Bresciani

Bela Megale

21/12/2018

 

 

Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências da mãe e de um primo do senador e na sede de uma empresa da irmã do tucano, suspeito de ter recebido recursos ilícitos da JBS entre 2014 e 2017

A Polícia Federal cumpriu ontem três mandados de busca e apreensão em endereços de familiares do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A ação fez parte da segunda fase da Operação Ross, que foi deflagrada em 11 de dezembro e vasculhou imóveis do parlamentar.

Os policiais foram ao endereço da mãe de Aécio, Inês Maria Neves Cunha, ao novo local onde mora Frederico Pacheco, primo do senador, e a uma empresa da irmã do senador, Andréa Neves. Todos os endereços ficam em Belo Horizonte.

A PF colheu indícios de que documentos estavam sendo guardados na casa da mãe do senador. Outra suspeita que está sendo apurada é de que Inês Maria pode ter se beneficiado de operações ilícitas envolvendo a Rádio Arco-Iris, já que é uma de suas sócias.

Segundo a PF, a operação tem por objetivo investigar “o recebimento de vantagens indevidas” por Aécio do grupo JBS no período de 2014 a 2017. Somente para a campanha presidencial de 2014 e a compra de apoio político na ocasião, o senador teria recebido R$ 110 milhões. Ao todo, o tucano teria ganhado, de forma direta ou indireta, R$ 128 milhões do grupo JBS, segundo os delatores da empresa.

Em nota, a defesa de Aécio afirmou que recebeu “com absoluta indignação” a informação das buscas na casa da mãe do senador, “uma vez que ela nada tem a ver com os fatos em apuração”.

Para o advogado do senador, Alberto Toron, a ação foi “desnecessária e descabida” e realizada a partir de uma “denúncia anônima”. O defensor disse que “bastava que se consultasse o sistema de imagens do prédio para se comprovar a falsidade da denúncia e se evitar a violência e afronta à privacidade de uma cidadã brasileira (a mãe de Aécio)”.

Na primeira fase da Operação Ross, um dos empresários envolvidos confirmou ter realizado uma operação financeira de R$1,1 milhão para gerar recursos em espécie para o tucano. Ronosalto Pereira Neves, sócio da Mart Minas Distribuidora, afirmou que o pedido veio de Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, e que o dinheiro foi retirado na sua empresa por um gerente. Outro dono de supermercado em Belo Horizonte já tinha feito relato semelhante ao ser ouvido pelos investigadores.

Em delação premiada, os donos da JBS mencionaram os mercados como origens do dinheiro destinado ao senador. Há, porém, uma divergência nos relatos, uma vez que Ricardo Saud contou que Frederico Pacheco teria pegado os recursos diretamente nos supermercados, enquanto os donos dos estabelecimentos afirmaram ter repassado os recursos a representantes da JBS.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Investigação contra Jucá é arquivada por Gilmar

21/12/2018

 

 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou um inquérito que investigava há oito anos o senador Romero Jucá (MDB-RR) por falsidade ideológica, desvio de contribuições previdenciárias e crimes contra a ordem tributária. A decisão foi tomada a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegou que não foram reunidos indícios mínimos de que os crimes alegados ocorreram.

“Foram muitas as diligências apuratórias realizadas para se obter elementos de prova sobre a efetiva gestão das empresas pelo parlamentar investigado, por interpostas pessoas, mas não se obteve êxito em se produzir um contexto probatório seguro”, sustentou a PGR, em parecer.

Jucá ainda é investigado em sete inquéritos e responde a uma ação penal no STF. No caso em que já é réu, ele é acusado deter recebido, em 2014, propina da Odebrecht no valor de R$ 150 mil, disfarçada de doação eleitoral para seu partido. Em troca, teria apresentado emendas parlamentares para favorecera empresa. O senador nega a acusação.

A PGR também pediu ao STF o arquivamento de um inquérito que investiga o ex-senador José Sarney por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a Procuradoria, o suposto crime prescreveu e não há possibilidade de punição.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Justiça Federal condena Lindbergh por improbidade

21/12/2018

 

 

A Justiça Federal condenou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) por ato de improbidade administrativa em convênio celebrado com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a prefeitura de Nova Iguaçu, em 2007, quando ele era prefeito do município.

O convênio, no valor de R$ 174 mil, tinha como finalidade a adaptação de dez escolas a alunos com necessidades especiais.

Lindbergh foi condenado a pagamento de multa correspondente a 12 salários do seu último vencimento como prefeito de Nova Iguaçu, está proibido de contratar com o poder público, receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

De acordo com o processo, a prestação de contas do convênio foi feita fora do prazo e houve responsabilidade do então prefeito pela falta de apresentação dos documentos necessários à análise das contas pelo FNDE, após o término do convênio.

Em nota, o senador disse que a prestação de contas não era de sua responsabilidade e que não assinou o convênio. Ele informou que já apresentou recurso ao Tribunal Regional Federal.