Correio braziliense, n. 20231, 11/10/2018. Cidades, p. 21

 

Cara a cara

Alexandre de Paulo 

11/10/2018

 

 

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e Ibaneis Rocha (MDB) encaram-se hoje para discutir o futuro do Distrito Federal. Os dois candidatos ao Palácio do Buriti terão oportunidade de tentar convencer o eleitor de que têm as melhores ideias e propostas para governar a capital federal no primeiro debate do segundo turno, promovido pelo Correio Braziliense a partir das 18h. O encontro ocorrerá no estúdio da TV Brasília e terá transmissão ao vivo pela emissora, pelo Facebook, pelo Twitter e pelo YouTube do jornal. Amanhã, a edição impressa do caderno de Cidades tratá cobertura ampla dos momentos mais importantes, além de análises sobre o evento. No primeiro turno, o Correio também foi o responsável pelo primeiro confronto entre os concorrentes ao GDF.

Na avaliação de especialistas, o debate de hoje deve ser ainda mais quente do que os do primeiro turno. Além do embate mais direto, essa etapa da campanha se caracteriza pela tentativa de desconstruir o adversário. “No primeiro turno, há mais uma apresentação dos candidatos. Agora, volta-se para o confronto, especialmente por parte daquele que está atrás. Rollemberg, por exemplo, precisa ganhar novos votos e reverter os do adversário. Então, deve investir para convencer as pessoas a mudarem de ideia”, explica o doutor em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto.

Nos dois debates realizados pelo Correio, Rollemberg e Ibaneis foram protagonistas de momentos de tensão contra outros candidatos. No primeiro encontro, o governador discutiu de maneira acalorada com o deputado federal Rogério Rosso (PSD). O parlamentar chegou a chamar o governador de “mentiroso” depois que o socialista classificou as propostas de reajustes do oponente de “demagogia”. No segundo debate, em 3 de outubro, Ibaneis teve atrito com Eliana Pedrosa (Pros). Depois de ser acusado pela candidata de crime eleitoral por prometer reconstruir casas derrubadas pela Agefis com o próprio dinheiro, o advogado respondeu dizendo que “tinha vergonha de ter sido amigo da ex-distrital”.

Para Leonardo Barreto, a tendência é de que momentos assim sejam mais frequentes no encontro de hoje. Mas o especialista também acredita que o debate do segundo turno permite maior aprofundamento em temas e propostas. “Todo mundo apresenta tudo no primeiro turno, mas não se discute muito a viabilidade dessas ideais, até pelo número de candidatos. Agora, os questionamentos sobre o que é, de fato, viável aparecem mais”, detalha.

 

Democracia

Professor de ciência política da Universidade Católica de Brasília (UCB), Creomar de Souza destaca que o debate também é uma oportunidade de tentar convencer o eleitor que não escolheu nenhum dos candidatos no primeiro turno. Entre nulos, brancos e abstenções, 570.021 brasilienses deixaram de lado a decisão sobre quem governará a cidade. O número é maior do que a diferença entre Ibaneis e Rollemberg, de 423.498 votos. Ibaneis teve 634.098 votos (41,97%), e Rollemberg, 210.510 (13,94%).

“É um número muito alto, elegeria um senador e poderia decidir a eleição. Revela descrédito com candidatos e com a democracia e é fundamental para tentar, de repente, inverter a tendência atual”,  comenta Creomar. Para conquistar essa parte do eleitorado, os concorrentes terão de aprofundar as propostas. “Há mais tempo agora. Então, o debate pode focar mais no conteúdo dos projetos e ajudar a população nesse momento de decisão.”

O diretor de comercialização e marketing do Correio, Paulo César Marques, ressalta o papel democrático do jornal nas eleições. “É muito importante dar oportunidade para a população ouvir as propostas, tirar dúvidas, fazer reflexões e, obviamente, escolher aquelas ideias que melhor se afinam com a posição do eleitor”, ressalta. Em meio à onda de fake news e de informações desencontradas, Paulo César reforça a credibilidade do Correio no processo eleitoral. “Vai ser um debate isento, sério, feito para que os candidatos possam colocar ideias e para que a população faça a escolha. O Correio é uma marca de mídia comprometida com a cidade e com o relato dos fatos para deixar que o eleitor faça o próprio julgamento.”

O diretor financeiro do Correio, Leonardo Moisés, comenta o peso de promover o primeiro debate do segundo turno. “O jornal tem a responsabilidade de abrir esse espaço para que os eleitores possam escolher melhor entre os dois candidatos e os projetos deles para a cidade.” Moisés espera que os concorrentes façam um encontro focado em propostas e nos problemas mais sérios do Distrito Federal. “Temos a expectativa de que os candidatos possam colocar ideias e projetos em áreas como saúde, segurança pública, educação e também apresentar maneiras para resolver as dificuldades orçamentárias que o DF enfrenta. Esperamos que seja um debate franco e respeitoso para que o eleitor possa conhecê-los melhor.”

 

Formato

O debate terá quatro blocos. No primeiro quadro, Ibaneis e Rollemberg serão questionados por jornalistas do Correio Braziliense. No segundo, temas serão sorteados ao vivo, e os concorrentes farão perguntas entre si. No terceiro, eles seguem se confrontando, mas, desta vez, com tema livre. Por último, haverá espaço para considerações finais.

 

Audiência

O último debate entre os candidatos ao Buriti, ainda no 1º turno, foi o assunto mais comentado nas redes sociais no DF. No Twitter, a hashtag #DebateCorreio ficou em primeiro lugar durante praticamente toda a transmissão. No Facebook, 93.243 internautas assistiram à transmissão ao vivo, e 31.130 se envolveram com publicações on-line, entre visualizações, comentários e curtidas.

 

Quem são eles

Rodrigo Rollemberg (PSB)

Governador desde 2015, Rodrigo Rollemberg tem 59 anos. Carioca, mudou-se para a capital em 1960. É formado em história pela Universidade de Brasília (UnB). Ocupou mandatos de deputado distrital por duas vezes, de deputado federal e de senador. Também exerceu a função de secretário de Turismo do DF e de secretário de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia.

 

Ibaneis Rocha (MDB)

Filho de piauienses, Ibaneis Rocha, 47 anos, nasceu em Brasília, mas passou parte da infância e da adolescência no estado nordestino. Voltou à capital federal para estudar e se formou em direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub). O advogado se destacou por defender várias categorias do serviço público. É ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB/DF).

 

Povo fala

Maria das Graças Marques, 70 anos, aposentada e moradora da Candangolândia

“Quero ouvir sobre a saúde. É o tema que a população mais precisa, mais tem necessidade de usar e de saber o que vai ser feito”

 

Maria Leila Ribeiro, 53 anos, comerciante e moradora de Vicente Pires

“Gostaria que falassem sobre um tema que é sempre deixado de lado: o sistema carcerário. Deixar as pessoas na prisão sem estudar e sem nada é muito errado”

 

Carlos Henrique Alves, 26 anos, universitário e morador da Asa Norte

“A educação, para mim, é um tema central. Quero ouvir propostas tanto para os anos iniciais quanto para as outras fases do ensino”

 

Isabela Santos, 23 anos, estudante e moradora de Águas Claras

“O transporte público é uma questão que Brasília precisa de muitos avanços e uma das questões mais relevantes para se debater”

 

Charles Ferreira, 52 anos, enfermeiro e morador de Sobradinho

“O mais importante para mim são as propostas para a segurança pública e a saúde. São os dois temas mais gerais. Se eles apresentarem algo novo sobre isso, será muito válido”

 

Antônio dos Santos, 70 anos, taxista e morador de Sobradinho

“Temas como trânsito e mobilidade urbana são muito importantes para a população do DF, além de outros assuntos, como saúde e segurança”