Título: DF em alerta para gripe suína
Autor: Pompeu , Ana
Fonte: Correio Braziliense, 06/07/2012, Cidades, p. 28

Um morador de Águas Lindas de Goiás foi diagnosticado com gripe H1N1. Além desse caso, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal analisa os exames laboratoriais de outras 26 pessoas que têm sintomas semelhantes aos da doença, conhecida popularmente por gripe suína. Desde o início do ano, 59 pessoas apresentaram a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Distrito Federal, mas 32 não eram portadoras do subtipo H1N1. Ainda assim, os órgãos responsáveis estão em alerta porque o país registrou 790 casos este ano, um aumento de 77% em relação a 2011, quando ocorreram 181 casos.

A Secretaria de Saúde confia no alto índice de imunização da última campanha como aliado para evitar que o vírus circule de forma mais intensa no DF. De acordo com a gerente de Vigilância Epidemiológica, Cristina Segatto, 98% da população-alvo da campanha foi vacinada. “O único caso confirmado por nós é de uma pessoa que não reside no DF, mas que foi atendida e assistida aqui. Como temos o grupo de risco quase todo vacinado, a gente reduz a transmissão do vírus”, afirma. Até o momento, a gerente informa que a pasta não alterou a estratégia de combate à doença.

Das 322 mil pessoas entre idosos acima de 60 anos, crianças de 6 meses a 1 ano e 11 meses de idade, trabalhadores de saúde, gestantes e indígenas, quase 319 mil receberam a dose da vacina. Em 2009, quando o novo subtipo do vírus da gripe surgiu, a capital do país registrou 1.750 casos de SRAG. Desses total, 38,4% foram confirmados como H1N1 e 10 pessoas morreram em decorrência da doença.

Nos anos seguintes, o número de pessoas infectadas caiu. Em 2010, 10 brasilienses contraíram a doença e uma morreu. No ano passado, quatro contraíram o vírus, sendo duas do Entorno e duas do DF, e uma morreu de complicações da influenza. Este ano, apesar do quadro de circulação crescente no resto do país, principalmente na Região Sul, o DF ainda não teve nenhum caso confirmado. “Estamos dentro do previsto para o ano. Em 2011, o primeiro caso foi detectado na 38ª semana. Hoje, estamos na 27ª. Pode ser que alguns casos surjam, mas esperamos que isso não aconteça”, diz Cristina Segatto.

Preocupação Perto do DF, a doença provoca mais apreensão. Em Goiás, os últimos números, divulgados em 28 de junho, confirmaram 21 casos e a morte de sete pessoas. A capital do estado vizinho teve três óbitos. Em Caldas Novas (GO), um dos destinos turísticos mais procurados pelos brasilienses, ocorreram duas mortes. Os outros dois óbitos foram nos municípios goianos de Uruana e Catalão.

O Ministério da Saúde informou que a campanha de vacinação contra a gripe deste ano incluiu o vírus H1N1, além dos outros dois tipos que mais circularam no Brasil e no Hemisfério Sul no ano passado. A pasta distribuiu 31,1 milhões de doses e repassou R$ 24,7 milhões do Fundo Nacional de Saúde (FNS) aos fundos estaduais e municipais para custear a infraestrutura das campanhas e garantir que os grupos de maior vulnerabilidade, definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), fossem imunizados.

Mesmo que muitas pessoas fora do grupo de risco não tenham sido vacinadas — o ministério estima que 23,7 milhões de pessoas se imunizaram —, não adiantaria aplicar novas doses agora, já que o composto leva de duas a três semanas para fazer efeito no organismo. Como o vírus está circulando, não existe tempo hábil para outra campanha.

Como é uma doença sazonal, naturalmente, ressurge com mais força em alguns anos. Segundo a secretária interina de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Sônia Brito, não existe risco de que o quadro de 2009 se repita este ano. “Por enquanto, este tem sido o vírus mais prevalente dos três determinados pela OMS para a vacina deste ano. Mas ainda não há indícios de que teremos uma epidemia no Brasil”, garante. De acordo com ela, como em 2009 o mundo passou pela pandemia, em 2010 houve um grande esforço em torno da imunização e, em 2011, a população ainda estava sob os efeitos dessa campanha.